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Sexta-Feira da Paixão

Padre Claudiney F. Almeida

3/04/2015

Bendito seja Deus que nos dá a graça de participar do Tríduo Pascal de 2015. Agradecemos a Deus porque o seu amor nos reuniu. Esse tríduo começa com a Missa da Ceia do Senhor e terminará com a Festa da Ressurreição. A celebração da morte e da ressurreição do Senhor é o ápice do Ano Litúrgico, pois Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus.  Para todo o mundo cristão a Festa da Páscoa deve ser momento de grande júbilo, pois Jesus  revelou o amor da Santíssima Trindade pela humanidade.

O Papa Paulo VI, dizia: “Se há uma liturgia que deveria  encontrar-nos todos junto, atentos, solícitos e reunidos para a participação plena, digna, piedosa e amorosa, esta é a liturgia Grande Semana”. Que bom seria se todos os fiéis católicos entendessem que esta semana não é apenas para o descanso, mas para a vivência da fé na comunidade.

O Papa Francisco, também afirmou: “Viver a Semana Santa é entrar sempre mais na lógica de Deus, na lógica da cruz, que não é antes de tudo aquela dor e da morte, mas aquela do amor e da doação de si que traz a vida”.

Não nos reunimos para recordar um fato do passado que aconteceu 20 séculos atrás, mas sim, um mistério. Não se trata de assistir uma representação, mas receber o seu significado , de passar de espectadores para atores. Ouvimos este relato tão rico em detalhes, tão cheio de vida e tão atual. Por conseguinte, depende de nós escolher qual parte queremos representar no drama, quem desejamos ser: Pedro, Judas, Pilatos, a multidão, o Cirineu, João, Maria. Ninguém pode permanecer neutro, não tomar posição é tomar uma muito exata: a de Pilatos que lava as mãos ou da multidão que de longe observa. Se ao voltar para casa hoje, alguém nos perguntar;  onde você estava? Onde estiveste esta tarde? Respondamos pelo menos em nosso coração: “no Calvário”.

“Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, o seremos igualmente por uma comum ressurreição”. Romanos 6,5 – Qual é essa morte semelhante à sua da qual São Paulo fala neste texto? Certamente não se trata da morte física ligada a circunstâncias tão extraordinárias: flagelação, coroação de espinhos, crucificação. Trata-se da morte interior, a do coração.

O primeiro tipo de morte pode acontecer uma vez só na vida. A segunda pode acontecer todo dia. Cristo morreu antes na alma, depois no corpo. Morreu quando aceitou ser derrotado e esmagado pelos inimigos, morreu quando disse na parábola aceitar ser o grão de trigo que morre debaixo da terra. Olhando mais de perto essa morte da alma de Jesus quando chegou a exclamar no Getsâmani: “A minha alma está numa tristeza mortal: ficai aqui e vigiai”. Jesus viveu em alto grau o que os místicos chamavam de noite escura. Morreu um pouco de Jesus quando sentiu o desaparecimento do Pai: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste”?

Em Cristo também houve uma dor íntima, aquela da compaixão que teve pelo gênero humano. Compaixão de cada pessoa individualmente e por isso experimentou a dor. Quanto mais amou, mais dor sentiu. Dor que sentiu e suportou por cada um de seus eleitos. Dor que provinha da compaixão que dele mesmo, mas era feita a vontade do Pai. Mas seu sofrimento não é castigo nem vontade de Deus, mas consequência de sua fidelidade a ela. Dor de compaixão pela sua mãe. Pois ele amava sua mãe mais do que outra criatura.

Desta forma, “Jesus não nos amou de brincadeira”. Esta frase é de Santa Ângela de Foligno, santa italiana do século 14 que foi canonizada pelo Papa Francisco. Era uma mística da Paixão de Cristo. Santa convertida ao catolicismo na idade adulta, mas que nos deixou grandes reflexões e revelações sobre a narrativa da Paixão do Senhor e queria que o mundo entendesse a seriedade da cruz de Jesus. Também não é de brincadeira a cruz e o sofrimento de tanta gente neste país, nas periferias existenciais e geográficas, na nossa comunidade Divino Salvador, dentro da nossa casa e de tanta gente que conhecemos.

A meditação da Paixão de Jesus, deve nos inspirar além da compaixão, a esperança. Pois, Jesus foi vencido, mas também vencedor. Santo Agostinho dizia que foi vencedor porque vencido. Utilizemos todos os remédios e as esperanças da ciência e do mundo moderno. Mas, não nos privemos desta grande esperança: Jesus venceu essa terrível morte que consiste na espera e no medo da morte, na morte da alma e agora esta ao lado dos que o segue neste caminho e está sofrendo.

Concluímos esta meditação dizendo: obrigado Jesus, obrigado porque sofreu por nós tudo isto. Obrigado, por nos ter amado tanto, obrigado pelo seu amor de cruz, perdoai-nos se até agora vos amamos apenas de brincadeira. Amém.

Bibliografia:
Bíblia Sagrada.
Roteiros homiléticos da Páscoa. Ano B, CNBB. 2015 
Cantalamessa, Raniero. O verbo se faz carne. 2 ed. São Paulo. Ave Maria, 2013.

 

Padre Claudiney F. Almeida
Vigário Paroquial

 

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