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O Presbítero do 3º Milênio

Diante das transformações da sociedade contemporânea é normal cada indivíduo questionar-se perante tantas mudanças. Com os presbíteros (ou padres) não é diferente. Como componentes de uma sociedade em constante alteração, no início do 3º milênio muitas perguntas são feitas: qual o significado do meu ministério? Qual é a minha identidade em quanto presbítero? Quem sou […]

30/03/2012

Diante das transformações da sociedade contemporânea é normal cada indivíduo questionar-se perante tantas mudanças. Com os presbíteros (ou padres) não é diferente. Como componentes de uma sociedade em constante alteração, no início do 3º milênio muitas perguntas são feitas: qual o significado do meu ministério? Qual é a minha identidade em quanto presbítero? Quem sou eu um mundo em constante mudança?

Para Jürgen Habermas, pensador da Escola de Frankfurt, uma das características da sociedade moderna é de ela ser um projeto inacabado; uma vez que sempre vai se fazendo a partir do que está dado, vai se recriando a partir de si mesma nunca fechando esse ciclo.

A questão da identidade dos padres há algum tempo não era preocupação da Igreja. No passado não era colocada como problema a ser debatido. Era uma identidade pronta e acabada. No seminário já se “formava” cada indivíduo no sentido de “moldar” cada um de acordo com o desejo da instituição.

Além disso, a Igreja católica, num passado não tão remoto, era a única ou a maior instância geradora de sentido na vida da comunidade. Hoje compartilhamos essa geração de sentido com a mídia, a economia, a política, a escola, as ciências e vários outros grupos e religiões. Ocorre a perda do poder de influência da religião na sociedade moderna e o crescente poder de influência dos Meios de Comunicação Social e da Informática.
Uma coisa é sabida, não tem como ser padre hoje como há cinquenta anos. Os meios usados no passado já não respondem eficazmente aos indivíduos do hoje. É preciso tomar consciência que existe um novo perfil de fiel, que não mais acolhe o que lhe é apresentado com a força da tradição ou da instituição nem pelo status de quem fala.

Percebe-se também, nesse novo tempo, a perda do profetismo não só pelos padres, mas também por parte de nossos bispos. Como não lembrar o profetismo de Dom Helder Câmara? O semblante de pastor de Dom Luciano Mendes de Almeida? A resistência profética de Dom Paulo Evaristo Arns durante os duros anos de Regime militar em São Paulo? O profetismo passa pela loucura da cruz (1Cor 1,18), mas foge a todo extremismo, fanatismo e tradicionalismo religioso.

Se de um lado nota-se a ausência do ardor profético por parte de determinados líderes; do outro, há aqueles que fazem “vistas grossas” à atuação dos profetas na sociedade do seu tempo.

O novo presbítero não pode reduzir sua ação num como se fosse um burocrata do sagrado, isto é, atender a todos que o procuram dando receitas rápidas, conselhos e orientações “relâmpagos”. O atendimento burocrático, do tipo bancário, não deveria acontecer na vida presbiteral e não se justifica nem nos momentos de maior concentração de fiéis, como Semana Santa, pois foge ao princípio cristão de atenção e valorização do outro.
Um novo modo de ser presbítero vai se fazendo, alguém que não pode ser mais um burocrata ou funcionário do sagrado, preso à sacristia ou às funções ligadas a administração, mas alguém que é pai, amigo e pastor; irmão entre irmãos que testemunha fielmente o seguimento de Jesus e seu Evangelho. Que gasta seu precioso tempo para ouvir e conhecer o outro. Somente quem reconhece o outro tem direito de ser reconhecido.

Pe. Victor Silva Almeida Filho,
Vigário paroquial da Paróquia Divino Salvador

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