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O nome de Deus

Artigo Pe. Nadai - Correio Popular 15/03/2016

15/03/2016

O NOME DE DEUS

Quem foi que conheceu, por primeiro, o nome de Deus e o registrou para a posteridade?

O nome de Deus está registrado nas Sagradas Escrituras, não uma, mas muitíssimas vezes. E quem o declarou, por primeiro, foi Ele mesmo.

No livro do Êxodo (que conta a história da libertação do povo da escravidão e da aliança de Deus com esse povo) constam três passagens sobre a revelação do nome de Deus.

Quando Moisés pastoreava o rebanho junto ao monte Horeb (Sinai), é chamado por Deus e recebe a missão de libertar seus irmãos das garras do Faraó; relutante, ele pergunta ao Senhor: “Quando eu for aos israelitas e disser: ‘O Deus de vossos pais me enviou até vós’; e me perguntarem: Qual é o seu nome?; que direi? Disse Deus a Moisés: “Eu sou aquele que é”. Eu sou, me enviou até vós! (Ex 4,13-15)

Essa passagem, retirada do contexto, torna-se fria e o nome de Deus soa como estático e duro. Lido, porém, o texto à luz da história dramática da libertação do povo onde Deus intervém decididamente, tomado de compaixão, o nome de Deus ganha outro significado e novo sentido.

Assim, o nome de Deus pode ser compreendido como: “Eu sou aquele que estou (aí convosco). Eu sou aquele mesmo que esteve com vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”.

Ora, esse Deus não é um senhor distante, indiferente e alheio. Pelo contrário, é um Deus próximo que tem ouvidos atentos para escutar o clamor de seu povo, olhos abertos para ver o sofrimento de seus filhos e coração sensível para compadecer-se deles. “Eu vi, eu vi a opressão de meu povo no Egito. Ouvi os gritos de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los… e fazê-los sair desse país para uma terra… onde corre leite e mel”. (Ex 3,7-8)

Deus ouve, vê, comove-se e age, intervindo a favor da libertação do povo.

Libertação e aliança complementam-se mutuamente: “Tomar-vos-ei por meu povo e serei o vosso Deus” (Ex 6,7)

No decurso dessa história de libertação, aliança e rompimento dela por parte do povo, Deus não desiste de seu desígnio: “Fala com Moisés, face a face, como um homem fala com seu amigo” (Ex 33, 11)

Moisés, por sua vez, pouco a pouco, do temor passa à confiança em Deus, ao ponto de desafiar Deus que mostre sua glória, isto é, manifeste-se claramente, faça-se presente.

Através desse diálogo, Deus revela de novo o seu nome: “Concedo a minha benevolência a quem eu quiser e uso de misericórdia com quem for do meu agrado” (Cfr Ex 33,18-19)

Por último, ainda nesse contexto de infidelidade e perdão, quebra da aliança por parte do povo e retomada por parte de Deus, Ele mesmo revela e proclama o seu nome: “O Senhor, o Senhor, Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade que conserva a misericórdia por mil gerações…” (Ex 34,6-7)

Assim, esta formulação do nome de Deus, como o Deus  das misericórdias será parte essencial da pregação profética e da oração dos Salmos, por ex.:

103: “O Senhor é compaixão e piedade, lento para a cólera e cheio de amor” e tantas outras. Entretanto, é em Jesus de Nazaré e por ele que Deus manifesta radical e definitivamente, não só o seu nome, mas o seu rosto misericordioso.

Filipe pede a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” Diz-lhe Jesus: “Há tanto tempo estou convosco e tu não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não crês que eu estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14,9-10)

Aliás, o próprio nome ‘Jesus’ quer dizer Deus salva e ‘Emanuel’, Deus está conosco (Cfr Lc1,31 e Mt1,23)

Lucas, considerado o evangelista da misericórdia divina, legou-nos a parábola do pai misericordioso que, tomado de compaixão, acolhe em festa o retorno do filho pródigo. “Minhas entranhas se comovem de compaixão” (Jr 31,20) “Meu coração se contorce dentro de mim, minhas entranhas comovem-se” (Os 11,8). Assim é nosso Deus, o Abba! Pai!

João, o discípulo amado que segundo a tradição repousou a cabeça no peito de Jesus na última ceia, ousa, por experiência, proclamar o sublime nome de Deus: “Deus é amor” (1Jo 4,8).

Deus que é amor manifesta-se como misericórdia. O nome de Deus é misericórdia.

Pe. José Arlindo de Nadai – Pároco Emérito da Paróquia Divino Salvador

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