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O Dom do Espírito nos faz um só corpo em Cristo Senhor

Recebei o Espírito Santo!

18/05/2013

Evangelho – Jo 20,19-23

Assim como o Pai me enviou também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado.

Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: ‘A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio’. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos’

Homilia

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O Dom do Espírito nos faz um só corpo em Cristo Senhor

A Festa de Pentecostes anima a Igreja a experimentar a presença e a ação do Espírito depois da ressurreição de Jesus até os dias presentes. É um (re)viver atual, pois aquilo que aconteceu com Jesus, no início de sua atividade messiânica, repete-se agora através da Igreja, na sua missão. O Pentecostes está para os Atos dos Apóstolos, como o batismo de Jesus está para os Evangelhos. O batismo de Jesus foi o Pentecostes de Jesus, o Pentecostes foi o batismo da Igreja.

Com esta celebração, culmina a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, sentindo a verdadeira prática de um único Evangelho e um único Pastor. Pentecostes sinaliza que somos e formamos um só corpo eclesial de seguidores da missão e da obra de Jesus Cristo. As diferenças nos modos de louvar, pensar, orar ou manifestar não nos devem impedir de trabalhar juntos para que o reinado de Deus tenha sua manifestação entre nós.

Com a força do Espírito Santo, buscamos descobrir as convergências necessárias para o anúncio e o testemunho do único Evangelho que é Cristo Senhor, como autênticos missionários e profetas, ungidos pelo Espírito.

O livro de Atos dos Apóstolos reconstrói o movimento de Jesus depois de sua ressurreição e possui três características fundamentais: é um movimento animado pelo Espírito; um movimento missionário e um movimento cuja estrutura básica é representada pelas pequenas comunidades domésticas. O tempo posterior à ressurreição de Jesus é, desse modo, um tempo privilegiado do Espírito Santo e é exatamente isso que o livro de Atos resgata. Eis, porque muitos o chamam de “Evangelho do Espírito Santo” e os Atos dos Apóstolos 1,18, magnificamente, sintetiza: “[…] receberão a força do Espírito Santo para serem minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os extremos da Terra”.

O Livro dos Atos narra os dois modos que o Espírito Santo trabalha pela unidade da Igreja. De um lado impulsiona a Igreja para fora, para abraçar na sua unidade um número sempre maior de povos e culturas, e de outro lado para dentro, para fortalecer-se na unidade. Anima a Igreja a se estender para a universalidade e a viver a unida na pluralidade.

Ao lermos a primeira leitura e o evangelho desta celebração poderíamos ser levados de imediato a um questionamento: afinal o Espírito foi dado no dia da própria ressurreição como nos narra João ou somente após cinqüenta dias da ressurreição como nos conta o livro dos Atos dos Apóstolos? Não há incoerência nestes dois relatos. Apenas carece de uma ligeira explicação; o evangelista quer nos mostrar que o Espírito sempre esteve e está com e em cada um de nós. O Espírito está sempre presente e sempre vindo.

O Espírito foi dado, mas sempre esperando para ser recebido de modo que possa se dar de novo e de forma mais completa. A narrativa joanina visa transmitir aos medrosos seguidores de Jesus, por assim dizer, como numa ação privada, que eles tinham condições de revelar Jesus ressuscitado com o poder de perdoar ou não os pecados.

O Espírito Santo que Jesus dá aos seus apóstolos no (vv 21-22) relato joanino é concedido claramente em, função da missão: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu envio vocês “. Depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo”.

Era, naquele momento, necessário o recebimento do Espírito para terem coragem de sair pelo mundo como testemunhas de Jesus. Ele não fez isso somente uma vez na noite da Páscoa, mas o faz continuamente. Também, hoje, ele se põe diante dos discípulos e da Igreja e repete: “Recebam o Espírito Santo”. Exponham nossos rostos e nossas almas a esse sopro de vida para nos deixarmos vivificados e renovados.

Os sinóticos terminam as suas narrativas com a ressurreição ou ascensão de Jesus. O Evangelho de João trata do sopro do Espírito na manhã da ressurreição e o livro de Atos dos Apóstolos narra a irrupção do Espírito, cinqüenta dias após a Páscoa. Esta narrativa de Atos tem a finalidade da manifestação do Espírito Santo a todos os povos e nações, uma manifestação ao mundo de que Jesus Cristo é o salvador de toda a criação.

Esta “Epifania da Igreja ao mundo” tornou-se necessária para dar e incentivar a certeza de que, mesmo sem ver, precisamos crer. É o Espírito que nos põe no seguimento de Jesus, abre nossos olhos e corações e faz-nos crer para propagar destemidamente que o Senhor é o Príncipe da Paz. A Igreja é manifestada e, desde então, nunca deixou de se reunir para celebrar o Mistério Pascal de Jesus Cristo.

O Salmo de hoje é de um grande louvor a Deus diante das obras maravilhosas da criação. O salmista reconhece a primazia do Espírito de Deus, o seu respiro, como garantia da continuidade e renovação da face da terra, mesmo que haja uma situação de morte. Nem mesmo assim Deus abandonará a humanidade. Expressa o anseio e a confiança do salmista: manifesta o desejo de sempre cantar e louvar ao Senhor por toda a vida ininterruptamente.

Como o cristianismo fez ouvir sua voz acima de toda essa balbúrdia e o que fez para atrair tanta gente com prospectivas assim tão pouco atraentes, como aquelas da cruz e da perseguição? A resposta é: o Espírito Santo! Ou, melhor dizendo: “A confiança no Espírito de Deus”.

Provavelmente o melhor sentido de Pentecostes nos é dado pelo Concílio Vaticano II: “Para completar sua obra, Cristo enviou o Espírito Santo da parte do Pai, a fim de que, interiormente, operasse sua obra de salvação e propagasse a Igreja […]. No dia de Pentecostes, ele desceu sobre os discípulos para permanecer eternamente com eles; a Igreja foi manifestada publicamente ante a multidão; e, pela propagação, iniciou-se a difusão do Evangelho entre as nações” (Ad Gentes, n.4).

Lucas reúne simbolicamente, em Jerusalém, pessoas piedosas de todas as nações do mundo que, em Pentecostes, irão receber o testemunho profético da primeira comunidade apostólica. O Espírito é derramado em função fundamental de Pentecostes. Lucas combina critérios culturais, geográficos e sociais, construindo assim o paradigma missionário do Espírito e a inculturação do Evangelho.

O grande milagre do Espírito Santo, em Pentecostes, é que cada um entende os apóstolos em sua língua nativa. Convém estar atento para perceber que não se falava em línguas diferentes (glossolalia), pois, reafirmamos, cada um escutava o Evangelho em sua própria língua e, poderíamos deduzir, em sua própria cultura.

Eis, porque Pentecostes é hoje considerada como a festa cristã da inculturação do Evangelho. A novidade está na unidade da compreensão do Evangelho mantendo diversidade de línguas, culturas e costumes.

O Espírito vem em auxílio da Igreja para que ela realize no mundo o Evangelho de Jesus, que o Verbo Divino, do qual a Igreja participa pela Páscoa de Cristo, se encarne.

A vinda do Espírito sobre o pão e o vinho, para que se transformem no Corpo e Sangue de Jesus, visa a nossa transformação em seu corpo mediante a comunhão sacramental. O corpo eclesial é, pela participação no mesmo pão e no mesmo cálice, verdadeiro e real corpo de Cristo. É o Espírito quem opera esta mudança, este vínculo com o Corpo de Jesus. Mas, paradoxalmente, é a celebração da Eucaristia quem comunica o Espírito.

É o Espírito do Pai, que é o mesmo Espírito do Filho, quem dá corpo ao Verbo, à Palavra de Deus. Os que participam da Eucaristia, depois que escutam o Evangelho da Vida e fazem comunhão no mesmo pão e no mesmo cálice, são enviados ao mundo como Corpo de Cristo, isto é, como Palavra feita carne.

Aquilo de que tomaram parte no pão e vinho (Liturgia Eucarística) é o Corpo do Verbo (que escutaram na Liturgia da Palavra) para que a história humana, tecida para além da celebração, corresponda ao que foi proclamado no interior da mesma.

Pe. Victor Silva Almeida Filho – vigário paroquial

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