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Natal na Cidade

Artigo Pe. Nadai - C. Popular 24/12/13

23/12/2013

Cada ano celebramos a festa do Natal. Seria uma simples repetição do ano anterior? Talvez para muitos, sim, mas, para aqueles que crêem, certamente não.

Natal é o acontecimento central da história da Salvação. Jesus, máxima comunicação de Deus em seu Filho amado, assume a nossa humanidade. Nele contemplamos o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Admirável e surpreendente mistério! No seio de Maria, Deus se faz à nossa imagem e semelhança.

Em geral, imaginamos Deus revestido de majestade e glória. Mas em Jesus Ele se apresenta como frágil criança. Em Lucas, na narrativa do nascimento de Jesus, Maria deu à luz e colocou o filho na manjedoura, que passa a ser o sinal para encontrá-lo. Esta manjedoura colocada no chão da terra e no tempo da história é o trono do Filho de Deus. Um Deus que começa a viver assim no meio de nós, inspira-nos amor e ternura e afasta o medo.

Segundo os Evangelhos, duas categorias de pessoas são as primeiras a visitar Jesus. Em Lucas, os Pastores. Ao receberem o anúncio do anjo, vão às pressas encontrar o recém-nascido na manjedoura. Os personagens de Mateus vêm de longe, não se sabe de onde. São guiados por uma estrela nos céus e uma luz no coração. Passam antes por Jerusalém, realizando a profecia de Isaias: “Levanta-te, Jerusalém e acende as tuas luzes… As nações caminharão na tua luz, e os reis no clarão de teu sol nascente… trazendo ouro, e incenso…” (60,3-6).

Nazaré, Belém e Jerusalém… “Deus vive na cidade”, tem sido tema de reflexão teológica e pastoral. Diz-se que Ele pode ser encontrado na Bíblia, lida com fé em oração. Nos sacramentos, especialmente na Celebração Eucarística. Também na própria assembleia celebrante. O desafio é reconhecê-lo na pessoa do pobre, enfermo, idoso, criança em situação de rua, prisioneiro, mulher marginalizada, migrante, dependente de drogas e excluídos. Esses não se encontram nas igrejas, mas nas ruas, praças, periferias da cidade e da vida, ao relento!

Contudo há uma espiritualidade e mística do Natal que despertam em nós sentimentos que nos levam a gestos concretos de solidariedade fraterna. São campanhas, confraternizações, visitas, encontros. Reina um espírito de companheirismo em votos de paz e alegria nos tradicionais cartões de Natal ou modernos meios de comunicação.

Deus vive também certamente na cidade. Porém não dá para delimitar seu espaço. Paulo lembra que “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). O Senhor habita o coração de todo homem e mulher que procuram a verdade, praticam a justiça e admiram a beleza. “Justiça e Direito são a base de seu trono, Amor e Verdade precedem a sua face” (Sl 89).

O Espírito Santo faz novas todas as coisas e renova a face da terra. “O Espírito socorre a nossa fraqueza” (Rm 8,26). Como não ver o agir do Espírito no ardor missionário das Igrejas cristãs? Como não ver a ação do Espírito nas mãos que curam, no serviço que acolhe, no abraço que perdoa, nos passos que vão ao encontro, na palavra que aconselha e reanima? Como não perceber a luz do Espírito na arte, na ciência, na técnica e agilidade dos meios de comunicação? Como não reverenciar a sabedoria e respeitar a força do Espírito na grandeza do Universo em contínua expansão?  No milagre da engenharia da vida a recriar-se de novo?

Cremos que Deus vive na cidade. “Deus é amor” (1Jo 4,8), portanto, onde acontece o amor autêntico e verdadeiro, Deus aí está. A espiritualidade e a mística do Natal passam pela “Cultura da ternura, do encontro, da solidariedade e paz” em face à cultura da indiferença, do individualismo consumista e egoísta. Natal é festa da luz. “Quando vosso Filho se fez homem, nova luz da vossa glória brilhou para nós”. Pelo mistério da encarnação, Deus invisível se torna visível em nossa carne. Deus inefável torna-se Palavra. “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,13), certamente em nossas cidades. Deus se torna de tal modo um de nós que nos tornamos eternos. Por sua humanização somos divinizados. Não bastasse a grandeza da criatura feita à imagem e semelhança do Criador, Ele nos tornou filhos no Filho. Enraizados em Cristo como os ramos ao tronco da videira. Faço votos e preces para que os leitores do Correio Popular, sua direção e profissionais tenham um santo e feliz Natal e um caminho seguro e iluminado em 2014.

Pe. José Arlindo de Nadai – Paróquia Divino Salvador

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