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MÃOS ESTENDIDAS

Felizmente, à onda crescente e ameaçadora da pandemia, contrapõe-se a onda da solidariedade de pessoas, ONGs, Igrejas e instituições da sociedade civil.

25/05/2020

 

Texto de autoria do Padre José Arlindo de Nadai
Publicado originalmente no jornal Correio Popular

O Papa Francisco, desde quando assumiu o ministério de Bispo de Roma (07.04.2013) e de primeiro Pastor da Igreja Católica, espalhada pelo mundo inteiro, em suas pregações e escritos, tem insistido em uma Igreja em saída, missionária; em uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas do mundo, comprometida com os mais vulneráveis de nossa sociedade, tão desigual; em uma Igreja parecida com um hospital de campanha que socorre os feridos e caídos à beira do caminho! “Viu, teve compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33).

Francisco não está inovando, mas sim recordando o Evangelho e atualizando a prática de Jesus de Nazaré que passou por este mundo fazendo o bem: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,5). Jesus dá de comer a quem tem fome – multiplicação dos pães; de beber a quem tem sede – samaritana e seus concidadãos da Samaria. Jesus, incansavelmente cura os enfermos, abençoa as crianças, acolhe a viúva e o estrangeiro… Em verdade podia dizer: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”! Ou ainda: “Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas” (Jo 10). Lavou os pés de seus discípulos, para lhes dar o exemplo do serviço humilde. “Eu, o Mestre e o Senhor (assim eles o chamavam) vos lavei os pés para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,14).

Ora, esta mística do lava-pés repercutiu e deu muitos frutos ao longo da história. Mística do serviço da caridade fraterna, do cuidado, da proteção da vida e da preservação e cultivo da natureza. Homens e mulheres viveram heroicamente essa mística do lava-pés: os Franciscos de Assis, os Vicentes de Paula, os Federicos Ozanan, os Dom Oscar Romero, as Teresas de Calcutá, as Dulces dos Pobres, as Zildas Arns, as Dorothys Stang…

Não nos esqueçamos, porém, de tantos outros que deram suas vidas pela justiça e pela paz: M. Gandhi, Martin Luther King, Margarida Maria Alves (líder camponesa), Herbert J. de Souza (o Betinho), Berta Caceres (líder indígena, Honduras).

Hoje, o tsunami da pandemia da covid-19 vem varrendo o mundo, como se fosse uma tempestade de areia no deserto. Não poupa ninguém, pode afetar a todos. Escancara as chagas de nossa sociedade, especialmente a da desigualdade social. As intermináveis filas pelos seiscentos reais é um pequeno rosto dessa triste e escandalosa realidade.

Para enfrentar essa dolorosa situação o Poder Público tem se movido, às vezes, infelizmente, de forma controversa nas esferas municipal, estadual e da União. Temos visto quão importante é o SUS (Sistema Único de Saúde) em seu atendimento que deve ser universal, integral e igual. Nesse sentido é admirável e merecedora de todo apoio a dedicação dos profissionais da área da saúde; o empenho de cientistas e pesquisadores e a vigilância e acompanhamento da imprensa.

Felizmente, à onda crescente e ameaçadora da pandemia, contrapõe-se a onda da solidariedade de pessoas, ONGs, Igrejas e instituições da sociedade civil.

A Cáritas Arquidiocesana de Campinas deverá assumir, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, mais uma casa-abrigo, em caráter emergencial, para atender a população em situação de rua. (Estão avançadas as tratativas desta parceria).

Essa casa-abrigo visa proporcionar um espaço de proteção integral: moradia, alimentação, condições de higiene, saúde, acompanhamento psicossocial, resgate de vínculos familiares de pessoas adultas, moradores em situação de rua. Enfim, acolher, proteger, promover, cuidar e conscientizar essas pessoas, facilitando-lhes o resgate de sua dignidade, consciência de seus direitos e deveres de cidadãos, ajudando-os a retomar e reconstruir seu projeto de vida pessoal e social.

A Cáritas tem como missão: testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida, participando na construção da sociedade do bem viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão. A Cáritas Arquidiocesana, ao assumir este desafio, sem nenhum proselitismo religioso, tem clara consciência de estar realizando sua missão de ser a presença amorosa da Igreja no meio dos Pobres.

D. João Inácio Muller, Arcebispo da Igreja católica em Campinas, assegurou apoio e colaboração ao projeto de forma concreta através do “Comitê emergencial da crise da covid-19, formado pela Arquidiocese, Puc e Hospital da Puc-Campinas”. (Informações e contatos estão em andamento).

O imóvel adaptado e destinado pela Secretaria de Assistência Social da Prefeitura para instalar a casa está localizado na Rua José Luiz Ferreira Jorge, no. 32, ao lado da Casa da Cidadania, nas proximidades da Vila Vicentina.
Todo apoio e colaboração são muito benvindos e necessários. Contato: caritas@correionet.com.br; ou fone (19) 9.9124.8929.

De esperança em esperança vamos em frente, confiantes que outro mundo, do bem viver e conviver é possível, necessário e urgente, onde a vida seja o primeiro e o maior valor a ser cultivado e preservado.

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