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“Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Defensor.”

6º Domingo da Páscoa - Homilia do Côn. José Luís Araújo

17/05/2017

6º Domingo da Páscoa

Evangelho de Jesus Cristo Segundo João – Jo 14,1-12

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
15 Se me amais, guardareis os meus mandamentos,
16 e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor,
para que permaneça sempre convosco:
17 o Espírito da Verdade,
que o mundo não é capaz de receber,
porque não o vê nem o conhece.
Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós
e estará dentro de vós.
18 Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.
19 Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá,
mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis.
20 Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai
e vós em mim e eu em vós.
21 Quem acolheu os meus mandamentos e os observa,
esse me ama.
Ora, quem me ama, será amado por meu Pai,
e eu o amarei e me manifestarei a ele.

Meditando a Palavra

 

A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir a presença – discreta, mas eficaz e tranquilizadora – de Deus na caminhada histórica da Igreja. A promessa de Jesus – “não vos deixarei órfãos” – pode ser uma boa síntese do tema.
O Evangelho apresenta-nos parte do “testamento” de Jesus, na ceia de despedida, em Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o “Paráclito”: Ele conduzirá a comunidade cristã em direcção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a “morada de Deus” no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens.
A primeira leitura mostra exactamente a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora e salvadora na vida dos homens. Avisa, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só actuará quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de irmãos, reunidos à volta do Pai e de Jesus.
A segunda leitura exorta os crentes – confrontados com a hostilidade do mundo – a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.

Rezando a Palavra

Salmo – Sl 65,1-3a.4-5.6-7a.16.20 (R.1.2a)

R. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
cantai salmos a seu nome glorioso!

1 Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,

2 cantai salmos a seu nome glorioso,
dai a Deus a mais sublime louvação!
3a Dizei a Deus: ‘Como são grandes vossas obras!

4 Toda a terra vos adore com respeito
e proclame o louvor de vosso nome!’
5 Vinde ver todas as obras do Senhor:
seus prodígios estupendos entre os homens!

6 O mar ele mudou em terra firme,
e passaram pelo rio a pé enxuto.
Exultemos de alegria no Senhor!
7 Ele domina para sempre com poder!

16 Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar:
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
20 Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,
não rejeitou minha oração e meu clamor,
nem afastou longe de mim o seu amor!

Homilia

Prezados irmãos e irmãs,

Continuamos vivenciando, com toda a Igreja, o chamado Tempo Pascal, no qual ouvimos o testemunho das primeiras comunidades cristãs sobre sua prática de fé e sobre o seguimento de Jesus Cristo, narrado no livro dos Atos dos Apóstolos.

Juntamente com o testemunho dos primeiros cristãos, percebemos as dificuldades e desafios enfrentados pelos que perseveraram na fé, e acreditaram de coração, nas palavras de Jesus. A 1ª. leitura nos fala do diácono Filipe, que perseguido em Jerusalém por anunciar o Evangelho, viu-se obrigado a fugir para a região da Samaria. No entanto, ainda lá, anuncia a todos o Cristo. Este gesto é importante para nós hoje também, pois vemos que, mesmo em meio a dificuldades e resistências, e até perseguições, Filipe não foi infiel, não deixou de cumprir sua missão.

Em nossa vida, muitas vezes encontramos dificuldades para viver a nossa fé. Podemos optar em não mais insistir ou perseverar. Nossa insistência é proporcional à convicção que temos, à aposta que fazemos no projeto de Jesus, à certeza que trazemos no coração de que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Outra coisa importante a observar é que Filipe era ouvido e atraía as pessoas pelos milagres que fazia, ou seja, sua prática era condizente com a prática de Jesus, que expulsava os espíritos maus, que curava os doentes. Na prática do discípulo, vemos a continuação da prática de Jesus. Ora, somos nós hoje seus discípulos, sua Igreja. Podemos nos perguntar: somos capazes de fazer milagres também?Eu digo: sim, somos, na medida em que nos colocamos como servidores de Jesus, continuadores da sua missão. Podemos, sim, mudar a vida das pessoas mostrando o caminho do bem, porque o praticamos, mostrando o caminho do amor, porque buscamos vivê-lo, apontando uma convivência fraterna baseada na justiça e na verdade, porque procuramos ser justos e éticos, e de tantas outras formas podemos ir plantando o Espírito do Evangelho que torna o mundo melhor, as pessoas mais humanas e assim afastamos os espíritos maus que trabalham para a opressão e a escravidão das pessoas.

O que Filipe faz, o faz em nome de Jesus Cristo e em nome da Igreja, como servidor. O batismo oferecido aos convertidos os colocava no seguimento de Jesus. Agora não eram mais pagãos, mas cristãos; de Cristo. Porém, ser de Cristo é pertencer à Igreja, é viver em Comunidade, é celebrar com os irmãos; é estar em comunhão e unidade com todos os que abraçam a causa do Evangelho. Por isso os apóstolos enviam Pedro e João para confirmarem seus novos irmãos na fé, impondo-lhes as mãos e recebendo o Espírito Santo.

Sim, esta é a missão dos apóstolos: confirmarem os irmãos na fé, levando à plenitude o batismo recebido.

Este gesto milenar da Igreja, nós o temos também, através dos bispos, sucessores dos apóstolos e pelo sacramento da Crisma, sacramento do Espírito Santo. Isto faz a unidade da Igreja; isto nos faz sentir uma só e mesma família, do grupo dos seguidores de Jesus.

Em nossa paróquia, o bispo estará presente no dia 04 para confirmar 18 jovens que, por si mesmos, livremente, desejam continuar sua caminhada de vida no seguimento de Jesus. Será um momento alegre e de enriquecimento de toda comunidade. Será também um momento em que todos nós devemos pensar sobre a Crisma que recebemos, ou que ainda não recebemos, cuja finalidade é fazer de cada discípulo um anunciador, um missionário convicto de Jesus Cristo.

Fortalecidos pelo Espírito Santo, que é Deus em nós, estamos prontos para dar a “razão da nossa esperança” como lembra São Pedro na 2ª. leitura de hoje.

Sim, o cristão, batizado e crismado, traz no seu coração a mesma esperança que moveu a vida de Jesus: um mundo de irmãos, fraterno, um mundo de paz sem maldades, sem corrupção, sem discriminações, sem maus tratos a quem quer que seja, e também um mundo onde as pessoas amem a Deus e vivam a solidariedade.

Construir este mundo é a nossa tarefa, mas com os ensinamentos de Jesus: com mansidão e respeito, e sempre com perseverança, ainda que haja incompreensões e resistências. Pois lembra S. Pedro: “será melhor sofrer praticando o bem do que praticando o mal”. O cristão não pode abrir mão daquilo que é correto, honesto, verdadeiro, edificante. A exemplo de Jesus que sofreu por ser fiel e fazer o bem, e recebeu a vida nova, a ressurreição pelo Espírito, nós também cultivamos esta esperança – certeza: receberemos a vida nova, um dia ressuscitaremos com Ele.

Enquanto estamos no mundo, temos essa missão a cumprir: sermos colaboradores de Jesus na construção do Reino de Deus. Vamos juntos construindo esse Reino pelo amor que mantemos a Ele e pela vivência dos mandamentos, que Ele resumiu no “amar a Deus e ao próximo”.

Nossas forças humanas são poucas, somos frágeis, incoerentes, fracos na fé. Jesus sabia disso, mas mesmo assim confiou a nós essa tarefa, não para cumprimos sozinhos, mas com a sua ajuda: “não os deixarei órfãos. Eu virei a vós”: e a ajuda do Espírito Santo, Espírito da Verdade, Espírito Paráclito, que nos ajuda a compreender as coisas de Deus e nos defende de quem nos quer afastar do bem.

Peçamos ao Espírito Santo, dom de Jesus à sua Igreja, e que recebemos na Crisma, que seja o nosso guia, que nos faça fiéis discípulos e que nos dê a graça da perseverança na fé, para que pelas nossas obras e nosso testemunho, Deus seja amado e glorificado.

Que assim seja.

Cônego José Luís Araújo – Pároco da Paróquia Divino Salvador

Arquidiocese de Campinas

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