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Natal 2012 | Homilia Pe. Victor – 24/12

Ele está no meio de nós!  Emanuel. Esse é o apelido teológico para justamente dizer que Deus está conosco. Na Igreja católica, em toda celebração quando o padre diz: “O Senhor esteja convosco!” Toda assembléia responde: “Ele está no meio de nós!” É interessante porque só a língua portuguesa tem esse tipo de invocação. No […]

24/12/2012

Ele está no meio de nós!

 Emanuel. Esse é o apelido teológico para justamente dizer que Deus está conosco. Na Igreja católica, em toda celebração quando o padre diz: “O Senhor esteja convosco!” Toda assembléia responde: “Ele está no meio de nós!” É interessante porque só a língua portuguesa tem esse tipo de invocação. No latim se diz: “Dòminus vobìscum!” – “O Senhor esteja convosco”- e todos respondem: “Et cum spiritu tuo.” – “E com teu espírito” -. Só a liturgia em nossa língua tem essa capacidade de dizer esta presença constante de Deus em nosso meio. Mas onde Ele se faz presente?

A Esperança nasce onde nós menos esperamos. É no desarrumado de nossa vida que Ele está presente.

Em meio à correria das pessoas em suas compras de final de ano, ao agito, a ansiedade e a euforia que marcam este tempo uma criança vem ao Mundo.

No dia 21, dia em que estava previsto o fim do Mundo, me chamou muito a atenção o nascimento de uma criança, filho de uma pedinte, na rua 13 de Maio. Por testemunhas, os passantes, a multidão que se aglomerava, os anjos que enfeitavam a Praça José Bonifácio, popularmente conhecida, largo da Catedral, e dois policiais que ajudaram àquela mãe dar à luz.

Assim como Maria, aquela mãe jamais pensava que a criança pudesse nascer naquele momento e naquele lugar. Maria e José também não pensavam que Jesus nascesse numa estrebaria. (cf. Mt2, 9; Lc2, 7)

Estrebaria não é um lugar apropriado, confortável, cheiroso, saudável para se ter uma criança. Muitas vezes nós temos a ideia de um Deus longe, que não tem nada a ver conosco, que só pode vir ao nosso encontro quando estivermos limpos, arrumados, bonitos e cheirosos senão Ele não se aproxima de nós.

Será que o Deus revelado na pessoa de Jesus de Nazaré é de fato assim? Não. Ele nos ama, incondicionalmente, como nós estivermos. Ele vem ao nosso encontro no desarrumado de nossas vidas, de nossa história. E é nessa desarrumação que Ele se faz presente. Senão vejamos.

Uma virgem fica grávida antes de se casar. O noivo quer abandoná-la porque num primeiro momento não sabe de quem é o Filho (Mt2, 19); além disso, quer abandoná-la para que a desonra não caia sobre ele. E é no meio dessa confusão toda que Deus está presente.

Nossa vida não é toda certinha, mas tecida de desafios e muitas desarrumações.

Jesus nasceu numa manjedoura dentro de um estábulo. O estábulo de longe não é o lugar mais bonito da casa. Certamente não receberíamos uma visita numa estrebaria. Mas por qual motivo os Evangelhos nos mostram Jesus nascendo num estábulo? Para nos dizer: “Não tenham medo de Deus, Ele nasce no estábulo da sua vida!”

Cada um de nós tem um “estábulo” dentro de si. Estábulo é o lugar onde moram os bichos. Nós de vez em quando dizemos: “eu soltei os bichos sobre Fulano”, “falei cobras e lagartos pro Beltrano, “eu soltei os cachorros sobre o Ciclano…” Isto tudo fica guardado no “estábulo” do nosso coração. Deus nasce no “estábulo” de nossas vidas. E isso não depende de nós é Deus que quer agir assim. De nossa parte precisamos deixar a porta de nossa vida aberta e deixá-lo entrar. Ele está conosco. Ninguém precisa ter duvida disso.

Ele está conosco na nossa dor e na nossa alegria; está conosco na lágrima e no sorriso; está conosco na insônia e na noite bem dormida; está conosco na ausência das pessoas amadas e na presença. Deus está conosco sempre. Não se afasta de nós. Carrega-nos no momento da dor. Sentiremos melhor esta presença se nos fizermos humildes e se nós não pensarmos que a nossa dor é a maior, mas se formos capazes de oferecer a Deus a dor, o amor, a alegria e o sofrimento.

Depende de nós que abramos a porta de nossas vidas. Abramos nosso coração. Deus não vai chutar a porta de nosso coração, não vai arrombar a porta de nossas vidas. Ele vai entrar se nós abrirmos a porta. Mesmo naqueles dias em que “acordamos de pé esquerdo” que não estamos muito abertos a ninguém, Ele nos oferece seu ombro para encostarmos nossa cabeça e chorar. Abra a porta e deixe entrar, isso só depende de nós!

Para terminar, voltando à mãe-pedinte que deu à luz seu filhinho, perguntaram ao policial se não era aquele o dia em que o mundo acabaria. Quando ele respondeu com seus olhos marejados: “Fim do Mundo? Não. Hoje a vida começou”.

 Victor Silva Almeida Filho
Vigário paroquial da Paróquia Divino Salvador

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