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Abre tua mão para teu irmão (Dt 15,11)

O Deuteronômio (Segunda Lei) é uma releitura da lei de Deus, diante de novos acontecimentos e exigências; como se fosse uma segunda edição atualizada da Lei.

8/09/2020

 

Pe. José Arlindo de Nadai
Emérito da Paróquia Divino Salvador

 

Já é tradição na Igreja Católica no Brasil, indicar um livro da Sagrada Escritura – Bíblia – para leitura, estudo e oração, no mês de setembro de cada ano. Para este ano, o livro escolhido é o Deuteronômio, com o lema acima. Esse lema resgata o tema da Campanha da Fraternidade 2020: “Viu, teve compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33).

O Deuteronômio (Segunda Lei) é uma releitura da lei de Deus, diante de novos acontecimentos e exigências; como se fosse uma segunda edição atualizada da Lei.

Resulta de um movimento reformista da Comunidade, tendo em vista maior fidelidade ao Senhor que libertou o Povo da escravidão e selou com ele uma aliança “Eu sou o Senhor, teu Deus, aquele que te fez sair do Egito, da casa da escravidão” (Dt 5,6).

E, “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Portanto, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, e com toda a tua força” (Dt 6,4).

A celebração anual da festa da Páscoa judaica consiste exatamente em fazer memória das maravilhas de Deus em favor do povo eleito. Quem perde a memória não sabe donde vem, nem para onde vai… O memorial, torna presente, de algum modo, o passado.

O Deus libertador do povo continua presente no hoje da história. São os sinais dos tempos que devem ser discernidos à luz da sabedoria do Espírito que vem em auxílio da nossa fragilidade (Rm 8,26).

Uma chave de leitura desse livro é a vida em Comunidade. “Comunidade verdadeira é aquela que, na vivência da Palavra de Deus, revela igualdade, solidariedade e acolhida aos pobres… quando aparece um pobre na comunidade é porque alguém quebrou a aliança” (C. Mesters).  A Palavra de Deus é como uma espada que fere fundo! É chama que queima a consciência adormecida!

 “Quando houver um pobre em teu meio, que seja um só dos teus irmãos numa só de tuas cidades, não endurecerás teu coração, nem fecharás a mão para com este teu irmão pobre, pelo contrário: abre-lhe a mão, emprestando o que lhe falta, na medida de sua necessidade” (Dt 15,7-8).  Quão atual, questionadora e desafiante é a Palavra de Deus, diante da realidade que enfrentamos hoje no mundo e na sociedade brasileira! São milhões dos excluídos sobrevivendo na miséria, abaixo da linha de pobreza suportável.

Ontem, sete de setembro, aconteceu o “Grito dos Excluídos” em sua 26º edição, com o tema:

Vida em primeiro lugar” retirado exatamente do Deuteronômio (30, 19-20) e como lema: Trabalho, Terra, Teto e participação. Exigências sociais defendidas pelo Papa Francisco e a participação como direito fundamental da democracia.

A situação da pandemia em todo o País restringiu o movimento do Grito dos Excluídos. Apesar disso, as redes sociais de comunicação supriram, em parte, as manifestações presenciais, que tiveram de ser realizadas segundo os protocolos sanitários.

Nunca foi tão urgente a necessidade de a humanidade repensar as opções escolhidas em vista de um mundo sem exclusões e em harmonia com o Planeta Terra. Somos confiantes e esperançosos na reserva humanista e solidária que existe lá no fundo das mentes e corações de homens, mulheres e jovens de boa vontade, que sonham com uma comunidade do Bem Viver e Conviver em justiça e paz e lutam para construí-la.

 

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