O exercício de ouvir e atender pessoas me revela alguns aspectos interessantes que acontecem na vida a dois. Creio que o que será abordado não só vale para casais cristãos, mas também aos não-cristãos. Vou tentar, nestas breves linhas, elencar ao menos alguns para ciência de vocês: Já não são duas, mas uma só carne (Mt19,5) […]
3/07/2012
O exercício de ouvir e atender pessoas me revela alguns aspectos interessantes que acontecem na vida a dois. Creio que o que será abordado não só vale para casais cristãos, mas também aos não-cristãos. Vou tentar, nestas breves linhas, elencar ao menos alguns para ciência de vocês:
Já não são duas, mas uma só carne (Mt19,5) – Uma das utopias que move os casais no início da vida matrimonial é achar que não ocorrerão diferenças e que a harmonia conjugal será plena. Ledo engano. Cada um traz características peculiares, influências sofridas na educação que podem se tornar diferenças na vida a dois; de repente, as duas carnes que formam uma podem constantemente se estranhar. O importante é saber encontrar um equilíbrio no respeito das individualidades para não acontecer o aniquilamento do outro. Cada um deve saber respeitar o lugar, o espaço e o jeito do outro.
Autoritarismo. A imposição das opiniões e gostos de apenas um acaba por minar a vida a dois, correndo o risco da anulação do outro. O autoritarismo e o machismo são grandes causas da não evolução da percepção da vida a dois. Para isso é preciso que aconteça um diálogo sincero e aceitação por parte de quem exerce a atitude autoritária na resolução deste problema.
Felicidade. Toda vocação tem por objetivo a realização e a felicidade. Casamos para ser felizes. O casamento visa a felicidade do outro sem solapar a minha felicidade, ou seja, é consequência da minha felicidade fazer a felicidade do outro.
Cumplicidade. Tudo o que é vivido – acertos e erros – deve ser compartilhado a dois. Antes de sair do círculo a dois, o problema vivenciado individualmente deve ser colocado ao outro.
Fidelidade. Não é apenas a capacidade de ser fiel ao físico. Fidelidade é muito mais do que isso. É ser fiel a um projeto de vida construído a dois com todas as alegrias e frustrações inerentes à vida a dois.
Rubem Alves já escreveu, num de seus belos artigos, que existe dois tipos de casamento: como tênis e do tipo frescobol. O casamento ou a vida a dois não deve ser como tênis e sim como jogo de frescobol. No frescobol cada um joga a bola para que o outro a alcance. Já no tênis o objetivo é derrotar o outro, fazer com que ele não alcance a bola. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Pe. Victor Silva Almeida Filho
Vigário da Paróquia Divino Salvador
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