Homilia – Quinto Domingo da Quaresma

Irmãos e irmãs, já estamos às portas da Semana Santa. Foram cinco semanas de caminhada quaresmal, como se fosse uma peregrinação penitencial e de reconciliação com nós mesmos, com o próximo, com Deus e toda a criação

No primeiro domingo da Quaresma, na oração coleta, rezamos assim: “Ó Deus, concedei-nos, nesse tempo, progredir (crescer no conhecimento de Jesus Cristo, vosso Filho e conformar (ajustar) nossa vida a seus ensinamentos…”
Portanto, cabe-nos perguntar hoje: Progredimos nesse conhecimento? Ajustamos nossa vida pessoal, familiar e social aos ensinamentos do Divino Mestre? Tivemos ouvidos de discípulo?

Fizemos com Ele a experiência do deserto, silêncio, oração, alguma penitência? Subimos a montanha com ele em companhia de Pedro, Tiago e João e ouvimos a voz do Abba! Pai! “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz”? (Lc 9,35)

Aprendemos da parábola da figueira a lição? Deus tem paciênciae misericórdia, mas conta com nossa participação. “Um germe de vida nova é possível em toda primavera”. O alento do Espírito – Ruhá – pode soprar a brisa que ainda fumega debaixo das cinzas.
“Confiemo-nos ao Senhor, ele é justo e tão bondoso. Confiemo-nos…”

Ponto alto desse retiro quaresmal terá sido, sem dúvida, para nós o reencontro do Pai misericordioso com o filho que volta de seus descaminhos e, é recebido em festa, reintroduzido na família e revestido com a dignidade de filhos, da qual nunca foi destituído pelo pai.

Nesse quinto Domingo quaresmal, contemplamos Jesus no Templo de Jerusalém, rodeado pela multidão, que escuta seus ensinamentos, o Evangelho, Boa Notícia do Reino de Deus.

Os mestres da Lei e fariseus, por sua vez, também o acompanham; porém, para apanhá-lo em alguma contradição e assim poderem acusa-lo. Entretanto, trazem-lhe uma mulher que dizem surpreendida em adultério. (E o seu parceiro onde está?)

Vamos apedrejá-la, segundo a lei. Que dizei tu? Mas, Jesus inclinando-se começa escrever, com o dedo, no chão. Eles insistem na provocação. Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7).

Jesus reassume sua posição, volta a escrever com o dedo no chão! Quem sabe para lhe dar um tempo de reflexão…

Calados, entreolham-se e foram se retirando um a um, a começar pelos mais velhos, deixando cair de suas mãos, envergonhadas, a pedra.

Dolorosamente, temos que reconhecer que a Mulher em nossas sociedades, no Ocidente e no Oriente ainda não é reconhecida, respeitada e valorizada na sua grandeza e dignidade de pessoa humana. Importa apoiar e participar em suas lutas por plena igualdade de direitos, em todos os âmbitos da convivência humana, inclusive na Igreja!

Pe. José Arlindo de Nadai