Essa oração tão significativa como que nos propõe uma meta a ser perseguida e atingida, pela força da graça divina e pela abertura de nosso coração à ação do Espírito de Deus.
11/03/2025
Irmãs e irmãos. Na quarta-feira de Cinzas demos o primeiro passo na caminhada quaresmal que hoje prossegue e se afirma em direção à Celebração Pascal: paixão, morte, sepultamento e Ressurreição do Senhor, na Semana Santa!
Iniciamos esta celebração com a oração (coleta) na qual suplicamos a Deus que nos ajude a prosseguir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder-lhe com uma vida santa.
Essa oração tão significativa como que nos propõe uma meta a ser perseguida e atingida, pela força da graça divina e pela abertura de nosso coração à ação do Espírito de Deus.
A 1ª. Leitura – Deuteronômio – é um memorial; recordação das maravilhas que Adonai – o Senhor – fez em favor do seu Povo:
Jacó – Israel era um migrante que migrou da Síria até o Egito… ali seus descendentes se tornaram tão numerosos que começaram a ser perseguidos e oprimidos… Então o Senhor, “ouviu o clamor, viu a opressão de seu povo, desceu e o libertou com braço forte e grandes prodígios, conduzindo-o à terra da qual oferece, agora, os primeiros frutos, as primícias… de suas colheitas”. (Deut 26,4-10)
Com o salmista, ontem como hoje, podemos, confiantes, cantar: “Sois meu, refúgio e proteção, sois meu Deus no qual confio inteiramente” (Sl 90)
Na 2ª. Leitura – Carta aos Romanos – Paulo, Apóstolo, exorta-nos a avançar da confiança em Adonai, à profissão de fé no Senhor Jesus Cristo: “Se, pois, com tua boca confessares Jesus Cristo como Senhor e, no teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9)
Esse movimento de fé é chamado de “concordar”, ou seja, com o nosso coração estamos ligados a Jesus Cristo. Creio ou cremos de todo o coração.
Lembremo-nos da confissão de fé de Marta, irmã de Lázaro: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Filho de Deus…” (Jo 11,26).
O encontro emocionante da mulher samaritana com Jesus, à beira do poço, que resulta no anúncio que faz aos seus conterrâneos – “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?” (Jo 4,29).
E os samaritanos, por sua vez, chegam à mesma confissão de fé da samaritana: Ele é, verdadeiramente, o Salvador do mundo.
E qual é a minha ou nossa profissão de fé no Senhor?
Evangelho (Lc 4,1-13)
Desde que Jesus Cristo assumiu nossa condição humana, foi tentado de todas as formas (provado em tudo), à nossa semelhança, menos o pecado (sem cair no pecado) (Hb 4,15)
As três tentações às quais Jesus foi submetido pelo Maligno, segundo o Evangelho de Lucas, vão do desafio de transformar pedras em pão, ao prestígio de quem salta do alto do templo, sustentado pelos anjos (um show), culminando com a posse das riquezas do mundo, colocadas aos seus pés!
Assim, todos seriam atraídos por Ele diante de tamanho poder, triunfo e glória…
Na verdade, tais provas ou tentações são uma mostra do grande desafio e tribulação com que se defrontará ao longo de toda sua vida pública.
Curiosamente, o Evangelho registra que o maligno, depois desse primeiro combate, no qual foi derrotado, deu uma trégua para voltar em tempo oportuno.
De fato são recorrentes nos Evangelhos, outras investidas do Maligno contra Jesus de Nazaré, que atingem o coração mesmo de sua missão…
O Maligno, porém, vai usar outra tática. Já não agirá ele diretamente, mas vai aliciar, instrumentalizar pessoas próximas de Jesus.
Como os escribas diziam que Jesus fazia os sinais milagrosos, curas e libertação do poder do mal, pela força do chefe dos demônios, sua própria família assustada veio para detê-lo, pois diziam: “está ficando louco”; “está fora de si” (Mc 3,20-22)
Que ironia, sua própria família é usada para afastá-lo da missão messiânica!
Ao primeiro anúncio da sua paixão e morte, Pedro (líder dos Apóstolos e o mais próximo do Mestre) intervém: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca aconteça!” Jesus reage à provocação de Pedro: “Vai pra trás de mim, Satanás! Tu estás sendo, para mim, uma pedra de tropeço” (Mt 16 21).
“Deixa disso, Mestre! Vamos tornar para a Galileia. Lá temos um mar inteiro para nossas pescarias”. Também Pedro cai na onda de um messianismo fácil…
Por ocasião da multiplicação dos pães, quando sacia a fome da multidão, Jesus tem que escapar para o outro lado do lago, pois queriam aclamá-lo Rei.
De novo a tentação do poder do triunfo e da glória.
Podemos concluir que a tentação que perseguiu Jesus ao longo de seu ministério foi a de desviá-lo da missão genuinamente messiânica, anunciada pelos profetas, segundo o projeto de Deus: um Messias Servo Sofredor que entrega sua vida entre gemidos e lágrimas, pregado na cruz, abraçando amorosamente a Humanidade inteira.
“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”
Jesus não se deixou levar pela onda de um falso messianismo em moda no seu tempo.
O(a) discípulo(a) fiel do Senhor, o cristão(ã) autêntico, de certa forma navegam na contra-mão das ondas reinantes em nossa sociedade:
A onda navegável pelos discípulos e discípulas de Jesus, é a onda da amizade social e da fraternidade.
Pe. José Arlindo de Nadai
Referências:
– Liturgia Diária – Paulus
– Konings J – Celebrar a Palavra – Paulus
– Retiro Quaresmal – Itaici, 2025
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