Homilia – Pe. Nadai | “O Senhor nos visita e se hospeda em nossa casa!”

1. A primeira leitura – Gn 18 – já nos prepara e introduz ao Evangelho de Lucas 10

Ambas as leituras falam de um Deus, surpreendentemente próximo de nós, que nos visita, que entra em nossa casa e se faz nosso hóspede. – Doce hóspede da alma.

O Senhor de repente apareceu a Abraão, quando estava à porta de sua tenda (deserto/nômade) curtindo o calor do dia…

O Senhor apareceu na forma de três figuras humanas…

Abraão o acolheu prontamente e o reverenciou: ofereceu água para banhar os pés dos hóspedes, oferecendo ainda os dons do pão da melhor farinha, coalhada, leite e carne assada, suculento guisado! Enquanto comiam Abraão fazia-lhes companhia! Abraão, amigo de Deus. Pai dos crentes.

O Senhor, porém, não se deixa vencer em generosidade e mais surpreendentemente que a visita a casa (tenda de Abraão e Sara) concede-lhes a bênção da fecundidade… a promessa do filho Isaac e de uma longa descendência, origem e fonte da História da Salvação.

2. O Evangelho que acabamos de escutar é de Lucas. No Evangelho de Lucas as mulheres têm muita presença e protagonismo. A começar por Maria, a Mãe de Jesus.

Jesus, com seus discípulos, está a caminho de Jerusalém; porém faz uma parada em Betânia, onde é recebido por Marta e Maria.

Elas o recebem em sua casa.

Aqui é Jesus o Filho de Deus, que também se faz próximo, hóspede dessas duas privilegiadas mulheres. Ambas, cada uma a seu modo recebeu o Divino Mestre. Marta põe-se a preparar uma refeição a Jesus, enquanto Maria, com ouvidos atentos de discípula ouve, escuta e conversa com o Senhor. Marta, diaconisa que serve. Maria, discípula que escuta! Serviço e Palavra, constituem o discipulado e a missão.

Ambas, as irmãs acolhem afetuosamente o Senhor. Marta põe em ação o seu afeto para com Jesus preparando-lhe o alimento. Maria abre seu coração com muita fé para beber dos lábios de Jesus a Palavra de vida: “quem beber da água (Palavra) que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna”. (Jo 4,14)

Vejam, tanto na primeira leitura quanto no Evangelho, o Senhor nos visita e se faz próximo de nós, “doce hóspede da alma.”

3. Quanto a nós, cumpre-nos perceber e discernir os Sinais da presença do Senhor em nossa Vida… Ele não está longe, pode estar ali atrás da porta de nossa Casa.(Papa Francisco)

Pode até mesmo ser um familiar, um vizinho, um colega de trabalho, um amigo…

Como discípulos(as) do Senhor, lembremo-nos que Ele toda vez que via alguém necessitado, aproximava-se, movido de compaixão, tocava-o, libertando do Mal, do sofrimento da dor, da fome, do pecado…

Depois o abençoava com o Dom da Paz. Vai em paz!

Irmãos(ãs), hoje na quadra histórica que vivemos não podemos ficar indiferentes, diante de tantos irmãos vítimas das guerras e de outras formas de violência:

Centenas de mortos (crianças inclusive) em Gaza, na Ucrânia. Algumas regiões da África passam pela maior tragédia humana – deslocamentos e campos de refugiados.

Tenhamos também os olhos abertos aos irmãos(ãs) das cidades onde moramos ou de nosso bairro… bem como para as vítimas de injustiças estruturais, desigualdade social, preconceito e marginalização em nosso país. Por exemplo: são 300 mil brasileiros(as) em situação de rua (censo).

Enfim, lembremo-nos desta palavra da Santa Escritura(Hb 13,1-2):

“Perseverai no amor, fraterno. Não descuideis da hospitalidade (do acolhimento) pois graças a ela, alguns hospedaram (acolheram) anjos sem perceber.”

Pe. Nadai