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Vigilância ativa e prontidão

1º Domingo do Advento

30/11/2013

Evangelho – Mt 24,37-44

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: ‘A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos.

Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. Portanto, ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor.

Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá.

Palavra da Salvação.

Homilia

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Neste dia do Senhor, iniciamos o Ano A, sendo conduzidos pelo evangelho segundo Mateus (Mateus em aramaico é “Mathaios” e em hebraico “Matatias”, nome que significa “dom de Deus”, “presente de Deus” para nós. Para compreendermos bem o primeiro evangelho, é bom sabermos um pouco do contexto em que foi escrito e como foi elaborado.

Quarenta anos após a morte de Jesus, depois da destruição do Templo e de Jerusalém (ano 70 d.C.), reunindo vários grupos de fariseus e escribas dedicados à pregação, houve uma Assembleia em Jamnia (Israel). Com a destruição ocorrida em toda a parte, para não perderam a identidade e a fé, escreveram o que era fundamental na organização, na crença e no viver judaicos.

Foi surgindo o judaísmo formativo cada vez mais legalista e excludente, devido aos conflitos com outros grupos, como os judeus cristãos da comunidade de Mateus. Esse judaísmo rabínico normativo deixou-nos como herança a frase de Simeão, o justo, que viveu antes de Cristo: “O mundo repousa sobre três pilares: o estudo da Palavra (Torá), a Liturgia (Avodab) e as obras de misericórdia (Hesed)”.

Esse grupo começou a perseguir os judeus cristãos espalhados em diversas comunidades na alta da Galiléia e na Síria. Aí estavam as comunidades de Mateus que escreveram, por essa época, o evangelho segundo Mateus para também afirmar sua identidade e guardar a memória revolucionária de Jesus e do mistério pascal.

A comunidade de Mateus compunha-se de cristãos de origem judaica pelo nascimento, pela educação, pela cultura e particularmente pelas tradições litúrgicas. Como seus antepassados acreditavam na “shekhinah” – santa presença de Deus que desce sobre o povo em oração, a comunidade cristã tem fé em Cristo presente em suas reuniões. Para estes cristãos, a nova Lei, a Palavra de Cristo, é regra de vida, como expressão verdadeira e universal da vontade de Deus.

A palavra de Deus nos alerta o que permaneçamos atentos, acordados. Lembra o tempo de Noé (cf. Gn 6, 912), quando as pessoas não estavam atentas aos sinais dos tempos, e sobreveio a catástrofe do dilúvio; as catástrofes naturais são inesperadas. Assim será a vinda do Filho do Homem.

O Evangelho usa uma forma apocalíptica de falar sobre a vigilância constante que devemos viver. É preciso vigiar, pois nãos sabemos nem o dia, nem a hora em que virá o Senhor. É necessário estarmos constantemente preparados, como se estivéssemos no fim dos tempos, para não sermos surpreendidos, como por um ladrão. Neste primeiro domingo do Advento, o que o evangelho nos pede é vigilância ativa e prontidão.

Para compreender melhor o que o evangelho nos fala, temos a luz da primeira leitura. O profeta Isaías descreve sua visão sobre a plenitude da história, o final dos tempos: a casa do Senhor como o cume do mundo, todas as nações e povos numerosos reunindo-se aí; Deus mesmo instruindo o povo para que andem em seus caminhos e todos caminhando em suas sendas e em sua Lei.

As espadas e lanças transformadas em ferramentas de trabalhar a terra. Não haverá mais guerra e todos caminharão na Luz do Senhor. É a descrição da utopia do Reino escatológico, Reinado de Deus, esperança inabalável dos que servem a Deus.

A carta aos Romanos nos fala que precisamos reconhecer o tempo em que vivemos, pois é hora de acordar. É madrugada e o dia já se aproxima. É necessário vestir a veste da luz e deixar as trevas. A salvação está chegando.

Não repitamos as ações do povo do tempo de Noé, como comilanças e bebedeiras, orgias e libertinagens, desonestidades, brigas, rivalidades e guerras. O convite é muito claro: revistemo-nos das obras do Senhor Jesus, o Messias. A vida cristã é dinamismo rumo à consumação do “dia do Senhor”, a vinda de Cristo.

     Pe. Victor Silva Almeida Filho – vigário paroquial

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