31 de Agosto de 2104 - 22º Domingo do Tempo Comum - Ano "A"
30/08/2014
Naquele tempo:
21Jesus começou a mostrar a seus discípulos
que devia ir à Jerusalém
e sofrer muito da parte dos anciãos,
dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei,
e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
22Então Pedro tomou Jesus à parte
e começou a repreendê-lo, dizendo:
‘Deus não permita tal coisa, Senhor!
Que isto nunca te aconteça!’
23Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse:
‘Vai para longe, Satanás!
Tu és para mim uma pedra de tropeço,
porque não pensas as coisas de Deus
mas sim as coisas dos homens!’
24Então Jesus disse aos discípulos:
‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz e me siga.
25Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la;
e quem perder a sua vida por causa de mim,
vai encontrá-la.
26De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro
mas perder a sua vida?
O que poderá alguém dar em troca de sua vida?
27Porque o Filho do Homem
virá na glória do seu Pai, com os seus anjos,
e então retribuirá a cada um de acordo com a sua
conduta.
Nesse 22º Domingo do Tempo Comum, Ano “A”, em que seguimos os ensinamentos de Jesus através do Evangelho Segundo São Mateus, nos deparamos com três expressões chaves no Evangelho: “seguimento”, “renúncia e si mesmo”, e “tomar a própria cruz”.
SEGUIMENTO – Todos os quatro evangelhos querem passar enfaticamente a ideia do “seguimento” de Jesus, e cada um na sua especificidade linguística, e dentro de um contexto diferente do outro. Os escritos nasceram no coração das comunidades compreendidas por Marcos, Mateus, Lucas e João. No Evangelho de Mateus, o seguimento de Jesus se dá na disposição do discípulo em construir o Reino sabendo que deve colaborar com o Senhor no combate a tudo o que for sinal do anti-reino. Os milagres de Jesus no evangelho de Mateus querem mostrar que o Reino já está entre nós, e Jesus Cristo é sua perfeita personificação. Ele é o “Emanuel”, que significa “Deus Conosco”. Mas para seguir Jesus, é preciso estar atento a certas tomadas de decisões sem as quais ele diz não ser possível seguir seus passos. Daí brotam as decisões de “renúncia de si mesmo”, e o “tomar cada um a sua cruz”. São expressões pesadas que precisam de um entendimento mais claro: o que Jesus estava querendo dizer? No Evangelho de domingo passado, Jesus dá a Pedro e, na pessoa dele, à Igreja, o “poder das chaves” que significa justamente clarear os ensinamentos do Divino Salvador em cada época e lugar.
RENUNCIAR A SI MESMO – Jesus era extremamente amante da vida – “morreu de tanto viver”!. Quando Ele usa a expressão “renunciar a si mesmo”, não está se referindo à autonegação, ao não gostar si mesmo, ou ao automutilar-se. Mas que é necessário aprender a dizer “não” a muitas coisas que nossa natureza marcada pelo “pecado original” tem tendência a sempre dizer sim: ao egoísmo, à ganância, à tendência de levar vantagem em tudo com o prejuízo de outras pessoas, à omissão, ao ódio. Também é preciso renunciar à idolatria do “ego”, que tanto escraviza e paralisa as ações autenticamente cristãs. Faz-se urgente superar o falso amor próprio, a sede de poder e, a exemplo de Jesus, “que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). Nós se quisermos ser seus seguidores, devemos ter consciência de que não somos mais do que aquilo que realmente somos: limitados, cheio de defeito e dependentes de Deus. “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).
TOMAR A PRÓPRIA CRUZ – Outro termo chave que aparece no Evangelho nesse domingo é “tomar a cruz”. Tomar a própria cruz não significa fazer-se vítima passiva dos sofrimentos, muito menos fazer de “pobre coitado”. Uma vez que a pessoa “renuncia a si mesma” no sentido acima exposto, ela poderá com mais facilidade “abraçar a sua cruz”, ou seja, aceitar suas próprias limitações, como ser humano. Aceitar que, como Pedro, temos dentro de nós ao mesmo tempo a coragem e a covardia, a fé e a descrença, o perdão e o ódio. No seguimento de Jesus a vida vai nos permitir vitórias, mas também derrotas; prazeres e sofrimentos. É preciso aceitar esses altos e baixos. O Mestre já avisou que seu caminho não é fácil, e que como Ele foi perseguido, seus seguidores também o serão. A Cruz veio para Jesus, em consequência de seus atos em favor da justiça e do amor entre os homens. Ele não foi ao encontro da morte na cruz; Jesus não foi um suicida. Sua morte na cruz foi consequência de sua fidelidade radical aos planos do Pai, de trazer a mensagem de amor à humanidade. Ser cristão, não somente hoje, mas em todo o decorrer da história, é arriscar-se a se deparar com as cruzes, quando não, para alguns, com própria a morte. Lembremos os nossos mártires da América Latina, menção honrosa aqui ao bispo de El Salvador, Dom Oscar Romero; irmã Dorothy, entre outros tantos.
Que Maria, Ela que carregou corajosamente a sua cruz no seguimento do seu Filho, interceda por nós que ainda caminhamos “nesse vale de lágrimas”, mas ao qual somos chamados a torna-lo uma terra de paz e alegria, cultivando e fazendo crescer o Reino de Deus no dia-a-dia entre os homens.
R. A minh’alma tem sede de Vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!
Sois vós, ó Senhor, o meu Deus!*
Desde a aurora ansioso vos busco!
A minh’alma tem sede de vós,
minha carne também vos deseja,*
como terra sedenta e sem água! R.
Venho, assim, contemplar-vos no templo,*
para ver vossa glória e poder.
4Vosso amor vale mais do que a vida:*
e por isso meus lábios vos louvam. R.
Quero, pois vos louvar pela vida,*
e elevar para vós minhas mãos!
A minh’alma será saciada,*
como em grande banquete de festa;
cantará a alegria em meus lábios,*
ao cantar para vós meu louvor! R.
Para mim fostes sempre um socorro; *
de vossas asas à sombra eu exulto!
Minha alma se agarra em vós;*
com poder vossa mão me sustenta. R.
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