Onda verde amarela

Muito se tem escrito sobre a Copa do Mundo, cuja partida se deu com o jogo do Brasil e Croácia e continua com outras importantes disputas nas arenas espalhadas pelo Brasil afora.

Manifestações não faltam, a favor ou contra. Umas e outras com seus argumentos mais ou menos válidos e consideráveis.

O que se viu, contudo, no jogo de abertura foi uma onda dourada tomando conta da Arena Corinthians em S. Paulo e uma explosão de alegria e festa dentro e fora do campo. É muito saudável a alegria contagiante de milhões de torcedores. Não dá para ficar imune ou indiferente. E pra quê?

Passada a euforia da Copa, que se prolongará ainda mais, se o Brasil levar a taça; daí sim, vamos cair na real e retomar a discussão e o debate nacional das grandes questões sociais, econômicas e políticas que vão além, muito além dos problemas levantados por ocasião da Copa, especialmente seu alto custo e seu elitismo. “Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de chorar e tempo de rir… tempo de lamentar e tempo de dançar!” (Ecl 3,4)

Passada a primeira onda vamos, então, retomar a luta do morador de rua que ostentava aquele cartaz: “Copa…cozinha, quarto e banheiro!”

Nos meses que se seguem à Copa e antecedem às eleições, certamente outras reivindicações tomarão conta das ruas levantando as bandeiras de sempre – educação, saúde, trabalho, segurança, saneamento básico, transporte, casa para morar e terra para plantar. Não basta o discursinho “é preciso mudar” de alguns candidatos. É preciso dizer claramente, mudar o quê, como, para quem e com quem.

Voltando ao momento atual da Copa é inegável que ela proporciona o encontro de povos e nações e o diálogo de culturas. O esforço das pessoas para se comunicarem, ao pedirem e darem informações. Gracias… arigatô…thank you… merci…, danke schön … “obrigado”.

A Copa pode ser uma ocasião importante de convivência pacífica, solidária, fraterna e alegre entre pessoas provenientes de povos de todo o mundo, sem deixar de lado a paixão pelo seu time.

A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – publicou um folheto simples e didático onde de um lado dá cartão vermelho para vários procedimentos como p. ex. a apropriação do esporte por entidades privadas e grandes corporações, a quem os governos vêem delegando responsabilidades  públicas e de outro lado marca o gol da vitória para que aconteçam ações eficazes para evitar o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, especialmente de crianças e adolescentes, com punição  exemplar e ágil com os infratores e que os Movimentos Sociais não sejam criminalizados e seja respeitado o direito  às manifestações de rua.

Esta coluna deseja que todos os seus leitores tenham momentos alegres de convivência durante os jogos da Copa, especialmente os de nossa seleção e que cheguemos à grande final no Maracanã, sem grandes sustos!

Pe. José Arlindo de Nadai – Paróquia Divino Salvador