Home  »  Artigos » Mais Destaques » Noticias  »  O Jesus de Mateus

O Jesus de Mateus

Artigo Pe. Victor - Correio Popular 23/09/14

23/09/2014

Todos os anos a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, convida a Igreja Católica para que durante o mês de Setembro se faça uma reflexão mais aprofundada sobre algum livro da Sagrada Escritura. O convite este ano é feito para aprofundarmos nossa leitura, oração, estudo e reflexão sobre o Evangelho de Mateus que apresenta uma teologia muito apurada, oriunda do judaísmo e nos revela de modo único, Jesus ligado às problemáticas de sua comunidade, sensível aos problemas que vivia o cristianismo nascente.

Mateus não foi um simples coletor que reuniu palavras e atos de Jesus. Não foi um historiador cujo ideal seria o registro completo dos acontecimentos; mas um teólogo que não viu Deus na teoria. O Jesus revelado por Mateus é Deus-conosco. Chega-se a Deus só conhecendo Jesus de Nazaré. Por isso, o evangelho de Mateus é teologia.

O Evangelho de Mateus é fundamentalmente um livro cristológico, pode-se assegurar que é, ao mesmo tempo, um livro sobre Deus, sobre os homens e a igreja. O Deus Revelado no Jesus de Mateus nos conduz ao verdadeiro rosto do ser humano. Dessa forma, o Evangelho de Mateus é um livro extremamente antropológico, humano. Ou seja, em Cristo descobrimos Deus (teologia) e ao mesmo tempo nos encontramos conosco. (antropologia).

Se Marcos é o Evangelho do Filho e Lucas é o Evangelho do Espírito, Mateus é o Evangelho do Pai. Mostra o jeito de ser do Pai. É o Evangelho onde o Pai aparece com maior clareza, com certeza devido a influência do patriarcalismo da tradição judaica muito presente em sua comunidade. São numerosas as vezes que em Mateus, Jesus chama de Deus como Pai. 21 vezes. E lembrando também que 21 é 3×7. Pois para o hebreu 7 é o número completo. E por 18 vezes Jesus dirá que Deus é seu pai, Pai do Filho Unigênito.

Mateus também é o Evangelho da justiça. Mas de que justiça se trata? Jesus nasce de um homem justo, José. Justo segundo a Justiça de Deus. As primeiras palavras que Jesus fala em Mateus para João Batista são: “Deixe como está, pois convém que cumpramos toda justiça”. (cf. Mt 3,15). Mateus coloca na boca de Jesus que nossa busca fundamental deve ser o Reino dos Céus e sua justiça (cf. Mt6, 33.). Mas também lembra sua Comunidade que se a vossa justiça não for maior que a dos mestres da lei e dos fariseus não entrareis no Reino dos Céus (cf. Mt5, 20).

Comumente nós entendemos justiça a partir da meritocracia, retribuição e até mesmo de um modo mais legalistas do “olho por olho, dente por dente”. Mas a justiça que Mateus revela em seu evangelho deve ser entendida a partir da ótica do perdão, misericórdia e compaixão. Nunca a partir da retribuição, meritocracia e da recompensa. Isso fica claro na passagem de Mateus 20, 1-16. Um patrão sai ainda de madrugada a contratar empregados para sua vinha e combina com estes uma moeda por dia trabalhado. Mas sai de novo às 9 da manhã, ao 12h00, às 3h00 e às 5h00 da tarde, o patrão combina que pagaria o justo.

A justiça de Deus não olha a quantidade, o tempo ou mesmo o mérito que cada um espera. Isso é secundário. A lógica da justiça de Deus difere totalmente de nossa, marcada “toma-lá-dá-cá”; pelo que é contábil, fiz isso espero receber aquilo; a lógica da justiça de Deus revelada em Jesus olha com carinho os últimos. Deus quer a inclusão de todos, mas olha com um carinho especial para aquele operário que passa esquecido nas praças da vida.

Que a Palavra eterna do Pai encontre espaço em nossos corações, ainda mais neste mês de Setembro, mês que inicia a Primavera, para que na sua divina beleza nasça como flor trazendo beleza e encantamento ao jardim de nossos corações.

Pe. Victor Silva Almeida Filho

Formador do Seminário da Arquidiocese de Campinas

PARÓQUIA DIVINO SALVADOR CAMPINAS | TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this