Home  »  Noticias  »  Jó, Jonas e Pi

Jó, Jonas e Pi

Artigo Pe. Victor - C. Popular 29/01/13

29/01/2013

Assisti ao filme “As aventuras de Pi”. Sugiro se você ainda não assistiu que assista. O filme, dirigido por Ang Lee teve como base o livro de Yann Martel de mesmo nome, que declarou ter como inspiração o livro “Max e os Felinos”, do escritor brasileiro Moacyr Scliar que traz a história de um refugiado judeu que deixava a Alemanha e cruzava o oceano Atlântico em um bote, juntamente com um jaguar.

O filme “As aventuras de Pi” tem como gênero o drama. Tem onze indicações ao Oscar, inclusive de melhor diretor. A versão em 3D apresenta gráfico e imagens fantásticas que nos inserem no filme. Nas entrelinhas a simbologia do longa-metragem fala de psicologia, religiões, relações interpessoais e de Deus. No fundo, o filme revela as diversas “faces” da vida humana.

Piscine Patel (Pi) é um jovem, filho de um dono de zoológico localizado em Pondicherry, na Índia. Após anos cuidando do negócio, a família decide vender o empreendimento devido à retirada do incentivo dado pela prefeitura local. A ideia é mudar-se para o Canadá, onde poderiam vender os animais para reiniciar a vida. Entretanto, o navio cargueiro em que estavam acaba naufragando devido a uma terrível tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa dividir o pouco espaço disponível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre de bengala, chamado Richard Parker.

Esses quatro personagens chamam muito a atenção. Os animais refletem personagens que compõem o filme e podemos entendê-los como componentes de nossa personalidade.

O Tigre cujo nome é Richard Parker é o personagem com quem Pi mais aprende. É o inimigo de Pi. Aos poucos ele percebe que, para sobreviver, precisa domar essa fera para atingir terra firme. O símbolo do tigre revela os medos que trazemos dentro de nós mesmos que em muitas vezes nos aprisionam; incertezas que tornam a vida uma aventura; neuroses que, se não domadas, nos fazem assumir uma face animalesca de nossas vidas. Domar nossos “bichos” internos é parte importante para uma vida feliz, equilibrada e integrada consigo, com os outros e com o Outro.

Assim como o personagem bíblico Jó, Pi também perde tudo o que tem. Se vê, de repente, sem sua família, bens materiais e em muitos momentos sem o amparo de Deus, mas nunca sem esperança. E isso é o que move Pi em busca de sua sobrevivência. O livro de Jó nos revela que os sofrimentos e angustias são componentes da vida humana e em meio às tempestades que a vida nos oferece é que experimentamos a fantástica e discreta presença de Deus.

O filme em alguns momentos nos remete ao personagem bíblico Jonas. A aventura pessoal da busca por Deus começa na solidão, na perda, no abrir mão de suas vontades e no meio do “mar”, é que acontecem momentos de contato profundo do Homem com o Cosmos. Há no meio de toda turbulência uma Teofania, uma manifestação de Deus, o encontro do Homem com o poder da Natureza. Na pequenez o Homem se rende a algo maior.

Acredito que a principal mensagem de “Aventuras de Pi” é de que a vida é uma viagem e por isso precisamos de coragem, esperança, perseverança na busca de nossos objetivos. Cada um tem um tigre de bengala interno que nos amedronta, mas que precisa constantemente ser domado para que com ele atravessemos as tempestades do mar de nossa vida. O maior “professor” de Pi é o tigre, são as adversidades de nossas vidas que, de repente nos advém e sem nenhuma cerimônia, se embrenham na floresta, como o tigre, Richard Parker.

Pe. Victor Silva Almeida Filho
Vigário paroquial da Paróquia Divino Salvador

PARÓQUIA DIVINO SALVADOR CAMPINAS | TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this