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Deus e nossa felicidade

Artigo Pe. Victor - C. Popular 21/01/13

21/01/2014

A ideia de Deus, com excessiva frequência, não costuma ser associada na consciência de muitas pessoas à ideia de felicidade e tudo quanto essa palavra nos sugere. É fato que muitas pessoas de nosso tempo quando ouvem falar de Deus e, em geral, do tema religioso, não são levadas a pensar na felicidade de viver, mas sim em algo que segue na direção contrária.

Com efeito, muitos (fiéis ou não) relacionam Deus com a ideia de proibição de muitas coisas que nos agradam e nos fazem felizes, e com a obrigação de praticar outras tantas que vêm a ser pesadas e desagradáveis. Nesse sentido, Deus se torna uma ameaça, uma censura constante, com toda certeza um juiz implacável, que costuma criar em nós sentimentos de culpa, insegurança e medo.

Todo ser humano quer ser feliz e esse desejo de felicidade é o anseio mais profundo que toda pessoa traz no mais íntimo de seu ser. Assim, atentar contra a felicidade de viver é a mais grave agressão que se pode cometer contra o ser humano, seja ele quem for. Então, é compreensível que haja tantas pessoas que prescindem de Deus quando ele é uma ameaça e proibição constante, carga pesada e censura que torna a vida enfadonha e complicada.

Segundo o historiador Eric Ernest Hobsbawm, na Antiguidade e Idade Média o desejo de felicidade estava associado, de uma forma ou de outra, às crenças religiosas. Nos últimos séculos, porém, e principalmente nos anos mais recentes, muitas pessoas não veem relação alguma entre Deus e a felicidade de viver. E eu diria que não faltam aqueles em cuja opinião, Deus e a religião constituem um impedimento para viver feliz.

O “mercado religioso” atual tenta até certo ponto maquiar Deus, torná-lo uma “mercadoria” mais atraente nesses tempos de crise religiosa. Mas não se trata de apresentar um Deus de conveniência ou que ofereça maiores atrativos. É preciso apresentar Deus como nossa felicidade na pessoa de Jesus de Nazaré.

No fundo, o que nossa inteligência não admite é o fato de que Deus se relevar como nossa felicidade e se dar a conhecer em um homem e, portanto, no humano. E mais. Que nasceu pobre, viveu entre os pobres e as pessoas marginalizadas de seu tempo, que morreu como delinquente entre malfeitores, como o pior dos malfeitores. Acredito que aí está o ponto alto disso tudo. Quando começarmos a ter uma percepção desconcertante de Deus, como totalmente humano, fraco, simples, pequeno e pobre talvez comecemos a converter nossa ideia de Deus.

O Evangelho de João não diz que o Verbo (Palavra) se fez “homem”, mas que se fez “carne” (Jo1, 14.). Na linguagem daquele tempo, falar de carne (sarx) era o mesmo que falar do aspecto mais fraco da condição humana. Por isso pagãos diziam que o Deus cristão era “loucura” e “escândalo” (1Cor1, 23), pois esse Deus revelado na pessoa de Jesus, que se misturava às pessoas de seu tempo dava re-significação às vidas das pessoas que não tinham mais vida. Traziam essas pessoas para uma nova vida integrada na sociedade e buscava dar a elas a verdadeira felicidade.

As Sagradas Escrituras fazem um veemente apelo a que não cultuemos imagens. Não apenas imagens concretas, esculpidas, mas também aquelas imagens de Deus que construímos em nosso subconsciente. Quando nos defrontamos com a imagem de Deus revelada por Jesus de Nazaré, inevitavelmente nos defrontamos com Deus, mas Deus como nossa felicidade.

     Pe. Victor Silva Almeida Filho – vigário paroquial

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