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Deslocamentos | Pe. Victor

As Sagradas Escrituras estão repletas de imagens e símbolos. Nas entrelinhas do texto sagrado temos mensagens simbólicas que foram inspiradas por Deus e codificadas pelo autor sagrado por meio de metáforas, produtos de uma tradição cultural que nos remete a uma mensagem que precisa ser decodificada. Uma das imagens que mais chama a atenção pela […]

28/01/2012

As Sagradas Escrituras estão repletas de imagens e símbolos. Nas entrelinhas do texto sagrado temos mensagens simbólicas que foram inspiradas por Deus e codificadas pelo autor sagrado por meio de metáforas, produtos de uma tradição cultural que nos remete a uma mensagem que precisa ser decodificada. Uma das imagens que mais chama a atenção pela densidade de sua mensagem é a do Êxodo, também chamado de travessia ou deslocamento.

Dentre os muitos deslocamentos existentes nas Sagradas Escrituras dentre os mais conhecidos temos: Abraão, que faz um deslocamento na fé; de José para o Egito, deslocamento forçado pela inveja dos irmãos; o deslocamento de Israel em direção à Terra prometida e a travessia na volta do Exílio na Babilônia.

Já no Segundo Testamento, apesar de os Evangelhos não terem intenção jornalística e fatual, o Evangelho de Mateus deixa um ensinamento aos primeiros cristãos, uma catequese sobre a vida e missão de Jesus. A figura dos Magos, em seu Evangelho, nos diz muito. Fala de um deslocamento feito por alguns homens, vindos do Oriente. Eram sábios que tinham o ofício de sacerdotes, médicos, astrólogos, intérpretes de sonhos, adivinhos e até bruxos. Conduzidos por uma estrela-guia foram até Belém, cidade onde deveria nascer o Messias. Por meio desse deslocamento, Mateus tem a sábia intenção de mostrar que Jesus não está restrito à raça eleita de Israel, mas veio como Deus de todos os povos, etnias, línguas e nações. Os magos oferecem presentes ao Menino: ouro, simbolizando sua realeza; incenso, sua divindade e mirra, significando a amargura de seu sofrimento.

A suposta visita dos Magos a Jesus revela que logo no início do Judeu-cristianismo estava muito presente a ideia de respeito e tolerância pelas diferenças; afinal, ser diferente é normal. Torna o mundo mais plural, distinto, revelando a diversidade do Deus de Jesus de Nazaré.

Entre os diversos deslocamentos existentes no Evangelho de Lucas, há um muito interessante. Depois de vir ao mundo, envolto em faixas, Jesus é reclinado numa manjedoura, gesto que projeta sua paixão, pois, após sua morte Ele será novamente envolto em faixas e colocado num sepulcro. O Menino recebe a visita de pastores, gente que socialmente era insignificante na sociedade judaica de então. Guardavam animais nos campos. As primeiras pessoas a visitar o Menino-Deus, são os Pobres, os insignificantes, os esquecidos de Israel. Em seu deslocamento, Jesus nasce como migrante, numa terra distante, na verdade insignificante, de Israel. Não nasce em Jerusalém, centro político, militar e religioso da Palestina. Embora sendo ele de condição divina não se apegou a ela, mas se esvaziou a si mesmo, assumindo a condição humana, a condição de servo, e achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte e morte de Cruz! (Fl 2, 6-11).

Em seu maior deslocamento, Jesus deixa o coração do Pai para vir ao encontro de nossa humanidade, diviniza o humano e humaniza o Divino. Tão humano assim só poderia ser Deus. Com isso, Jesus nos revela que nossa vida é uma constante travessia, um constante deslocamento com altos e baixos, encontros e desencontros, chegadas e partidas; revela que precisamos nos deslocar na direção de nossos irmãos, preferencialmente os mais excluídos.

Pe. Victor Silva Almeida Filho
Vigário da Paróquia Divino Salvador
victorsilvafilho@gmail.com

 

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