Cuidar da Vida | Pe. Nadai

Durante esse tempo do Advento, estamos percorrendo um caminho espiritual, que nos leva ao encontro de Jesus, Divino Salvador. Ele quis participar, integralmente da condição humana e de nossa história. Como diz o Apóstolo Paulo:

“Ele, sendo de condição divina, não se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo e tornando-se igual ao ser humano” (Fl 2,6-7).

O Advento convida-nos a dirigir o olhar para o futuro, na esperança do Senhor que virá “para fazer novas todas as coisas… um novo céu e uma nova terra!

Somos, igualmente, convidados a um olhar contemplativo do mistério escondido que se revelou na Encarnação de Jesus de Nazaré, no seio de Maria, que foi acolhida pelo bom José, como esposa em sua casa.

“Ela deu à luz o filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria… e deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe” (Lc 2,7 e 21)

Entretanto, o tempo de Deus não é só passado nem só futuro, mas sobretudo – Kairós – o hoje de nossa história: tempo da graça e da libertação (Lc 4,16).

Hoje, Jesus também olha para nós e como a Zaqueu diz

“Hoje eu devo ficar na tua casa. Hoje a salvação entrou nesta casa” (Lc 19,5ss)

Assim sendo, a Espiritualidade do Advento consiste na vivência da Esperança, da Fé e do Amor – Ágape

Longe de mim, porém ser nota dissonante na sinfonia do Natal que se aproxima. Mas, como se calar diante da morte violenta de três moradores de rua no Centro de nossa Cidade de Campinas: Raimundo G. Vasques, Moura Neto e Rafael, com golpes de marreta em suas cabeças? Dois travestis também foram encontrados mortos a pauladas, nesses últimos dias (Correio, 05.12).

Ora, exatamente quando toda a Cidade se movimenta em preparação às festas Natalinas e da virada do Ano, é muito doloroso e triste constatar que as mesmas praças e ruas enfeitadas e iluminadas encontram-se manchadas de sangue de irmãos que nela buscam abrigo. Não dá para passar ao largo, indiferente, como se essas vidas fossem menos vida.

Será que Campinas com tamanho potencial econômico (Indústria e Comércio), financeiro (Bancos), cultural (Universidades), somado aos serviços da sociedade civil (Feac e filiadas), juntamente com o das Igrejas Cristãs e de outros movimentos religiosos autônomos não seria capaz de enfrentar, eficazmente, esta questão social de homens e mulheres em situação de rua?

Por acaso faltaria uma coordenação mais articulada dos serviços prestados por essas instituições?

Mas é do Poder Público que se esperam Políticas Sociais, com gestão de qualidade, que enfrentem pra valer esta chaga social de nossa Cidade; em particular da Secretaria da Cidadania, Assistência e Inclusão Social; bem como, das Secretarias da Saúde e da Segurança Pública da Prefeitura Municipal. Não basta enterrar os mortos, é preciso cuidar dos vivos acima de tudo. Ele veio para que todos tenham vida plena.

Pe. José Arlindo de Nadai
Paróquia Divino Salvador – Campinas