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Crer para ver!

Artigo Pe. Victor - Correio Popular - 14/05/13

15/05/2013

A palavra crer possui suas raízes no latim, credere; poderíamos desmembrá-la ainda em duas outras, cordare, dar o coração, cor-dare. Ou seja, crer é confiar o coração, dar de si ao outro ou ao outro. Esta origem não é restrita ao cristianismo, pois em outros momentos da história já se usava o crer em outras ocasiões.

Nas Sagradas Escrituras a temática do crer também foi explorada. Há inclusive uma pequena contenda sobre esse tema em alguns livros. Tiago, que teve uma função marcante na comunidade de Jerusalém, diz: “A fé, sem obras é morta” (conf.: Tg2, 14.). Já Paulo escrevendo aos romanos e em outras diversas passagens defende que a salvação se dá por graça de Deus, mediante a fé. (conf.: Rm1,17 e Rm3,22). Hoje, essa discussão se dá por superada, pois se nos consideramos salvos pelo gesto redentor de Jesus, precisamos revelar essa graça por meio de nossas obras.

Os textos bíblicos da Ressurreição foram redigidos uns 60, 70 anos após a crucificação de Jesus. Justamente para acalentar o coração das Comunidades que estavam aflitas com a presença não mais física de Jesus. Ou seja, certamente quando foram escritos estes textos a 1ª e 2ª geração de discípulos já tinha partido, as testemunhas oculares da pessoa do Cristo não se encontravam mais na Comunidade.

Dessa forma, aqueles relatos que chegavam às primeiras comunidades cristãs espalhadas pelo vasto Império romano era a garantia mais preciosa de que o Messias nazareno estava vivo. Nesse sentido, essas comunidades foram impelidas a registrar tais descrições. Na verdade, os textos da Ressurreição são textos de reverência e não têm a pretensão de narrar como aconteceram os fatos. Dessa forma, a importância maior desses relatos é de transmitir àqueles que aderiam à fé e também aos futuros discípulos, que a presença de Jesus será na forma que não mais precisarão do exercício óptico para percebê-lo, mas é na Palavra meditada, comungada e na presença dos demais irmãos que Ele será “visto”. Assim, essa mensagem também é adequada ao nosso tempo; não O percebemos em nossas Comunidades, mas O temos em nosso meio por esses elementos.

Agora não é mais necessária a experiência sensorial para percebê-Lo na comunidade. Mas essa presença de comunhão e unidade se dará por meio da Palavra. Esta lhes projetava numa pertença a Cristo.

Muito mais interessante que colher informações históricas dos textos da Ressurreição, muito mais conveniente que saber como aconteceu a Ressurreição ou a Ascensão ou onde estava Jesus depois de sua Ressurreição, até porque ninguém irá responder essa pergunta, é assumir as atitudes que os textos da Ressurreição nos querem transmitir.

Dessa forma, os incrédulos são mais crentes do que julgam. E, por sua parte, os que creem são mais incrédulos do que gostam de reconhecer, porquanto, a fim de permanecerem crentes, tendem a todo tempo experimentar Deus, comprovando isso apenas por meio de milagres, promessas “barganhadoras”. Ora, seria isso fé? Logicamente que não, pois sempre que preciso comprovar algo que está à minha disposição, isso deixa de ser passível à fé e passa a ser constatação.

Pe. Victor Silva Almeida Filho – vigário paroquial

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