1º Domingo da Quaresma

Evangelho – Mc 1,12-15

Naquele tempo:
O Espírito levou Jesus para o deserto.
E ele ficou no deserto durante quarenta dias,
e ali foi tentado por Satanás.
Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.
Depois que João Batista foi preso,
Jesus foi para a Galiléia,
pregando o Evangelho de Deus e dizendo:
‘O tempo já se completou
e o Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho!’

Refletindo a Palavra

Nesse 1º Domingo da Quaresma, do Ano B, em que acompanhamos o Evangelho segundo São Marcos, pela primeira vez, Jesus que se retira para o deserto. “Deserto” na Sagrada Escritura é o símbolo da provação, mas também lugar do encontro com Deus. O Povo Hebreu ao sair do Egito, vai para o deserto onde é provado por quarenta anos. Lá se encontra com Javé fazendo com Ele a aliança, e recebendo as Tábuas da Lei.

O autor da Carta aos Hebreus diz que Jesus Cristo foi “em tudo semelhante a nós, menos no pecado” (Hb 4,15). Ser semelhante a nós implica inclusive ser tentado. O Evangelho de Marcos diz somente que Jesus foi tentado, sem dar mais detalhes. Deixa claro, porém, que mesmo o Senhor passou pela provação do deserto, antes de lançar-se no anúncio do Reino de Deus. Empreitada então iniciada e que só terminará na sua Paixão, Morte e Ressurreição, em Jerusalém.

Assim como a figura do “deserto”, o número “quarenta”, também é simbólico e diz de um “tempo de provação”. A Quaresma, que iniciamos, cujo palavra quer dizer “quarenta dias”, inicia-se no Quarta-feira de Cinzas e vai até a Quinta-feira Santa. A Carta apostólica de Paulo VI, aprovando as Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano geral, diz, no n. 28: “O tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor (Quinta-feira santa, à tarde), exclusive”. Portanto, após a reforma do Calendário Romano, a Quaresma se estende um pouco mais de quarenta dias. Mas não perde o seu sentido de “tempo de provação”.

Nesse tempo propício o cristão é chamado a “ouvir a voz do Senhor”. Penitência, jejum e oração constituem o tripé da vivência quaresmal, como meios para se empreender um esforço mais acentuado para nos aproximarmos daquilo que Deus espera de cada um de nós. A penitência nos fortalece a vontade, à semelhança do exercício físico em relação aos músculos de nosso corpo; o jejum nos permite colocarmos no lugar daqueles que passam necessidades e, sendo que aquilo que por ventura economizamos financeiramente com a sua prática, deve ser doado a algum necessitado; e a oração, coloca nosso coração mais perto do Coração de Deus, e nos fortalece contra as investidas do Mal.

Que a Mãe do Divino Salvador, “concebida sem o Pecado Original”, interceda por nós nesse “tempo favorável” para que cheguemos, com disposição de espírito e abertura de coração, às Solenidades da Paixão, Morte e Ressurreição de Seu Filho.