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Celebrar Finados – Padre Victor Silva

Costumeiramente no Brasil o dia dois de Novembro é dedicado à lembrança daqueles que não mais se encontram entre nós. Daqueles cujo itinerário já se consumou. Geralmente o dia de Finados traz a marca do silêncio e da reflexão sobre o real significado da vida. A frieza da morte nos faz colocar em cheque sentimentos […]

2/11/2011

Costumeiramente no Brasil o dia dois de Novembro é dedicado à lembrança daqueles que não mais se encontram entre nós. Daqueles cujo itinerário já se consumou. Geralmente o dia de Finados traz a marca do silêncio e da reflexão sobre o real significado da vida. A frieza da morte nos faz colocar em cheque sentimentos mesquinhos como: autossuficiência, orgulho, vaidade, soberba e a ganância. Até que ponto toda essa vaidade vivida por muitos de nós é realmente necessária para nossa realização?

Dor, saudade, perda, vazio interior, angustia. Esses são alguns dos sentimentos que mais invadem as pessoas quando chega a notícia da morte de alguém estimado. Há certa sensação de perda como se a morte nos roubasse alguém. Celebrar Finados, muito mais do que apenas levar flores ao cemitério, deve ser momento de reflexão profunda de toda a nossa vida.

Celebrar Finados nos coloca sem subterfúgios diante da fragilidade e fugacidade de nossas vidas; a Torah judaica no livro das origens já recordava belamente aos seus contemporâneos esta dimensão da vida: “… pois lembra-te que tu és pó e ao pó hás de voltar.” (Conf. Gn3, 19)

Já no Segundo Testamento, Jesus conforta-nos deixando a impressão de que quer a todos salvar: “eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”. (Conf.Jo6,39-40)

Ás vezes a morte chega de forma inesperada, sem anúncios de preparação. Isso foi brilhantemente ilustrado nas palavras do Evangelho de Lucas: “se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”. (Conf. Lc12, 39-40).

Bem por isso, a morte é vista como um ladrão para quem encara a vida como tempo apenas de possuir sempre mais. Para quem encontra a razão da sua vida apenas no acumulo de bens, a morte é roubo. Porém, a vinda desse ‘ladrão’ pode ser ocasião de Páscoa, Passagem, ocasião de entrar em comunhão com Ele. Afinal, acreditamos que a vida não nos é tirada, roubada, mas transformada. Passamos a fazer parte de uma nova dimensão, na qual as marcas do espaço e do tempo, condicionamentos humanos, não estão incorporados a essa dimensão.

Acreditamos que o Pecado é situacional. Não é determinista e fatal. Não faz parte da essência humana, mas situado e reversível. Nesse sentido, a redenção é ato de absoluta Graça e inimaginável amor, no qual Deus justifica o ser humano. É ato criador e libertador no qual Deus abre à humanidade o caminho do futuro.

Como bons cristãos acreditamos que a morte não tem a última palavra. Assim como temos a vida na vida de Cristo. Também teremos a ressurreição na Ressurreição de Cristo. Seguindo a tradição semita colocamos nossos entes no solo, como sementes, confiantes de que o Senhor colha suas vidas, como flores, nos campos da eternidade. Um bom dia de Finados a todos.

 

Pe. Victor Silva Almeida Filho
Vigário paroquial da Paróquia Divino Salvado

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