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Cadê o Boi?

Artigo Pe. Nadai - Correio Popular - 25/06/13

26/06/2013

Domingo, 16 de junho, o coral do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) sob a regência de Nelson Silva apresentou, entre outras peças, brilhantemente, a cantiga “Cadê o boi” de Tavinho Moura e Gonzaguinha.

Na ocasião associei de imediato, a busca buliçosa – Cadê o boi – às manifestações inquietas e inquietantes que se derramaram pelas ruas e praças de nossas cidades, S. Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Campinas e tantas outras.

“Ô menino, ô menina,
Gente fina, cadê o boi?
Meus senhores e senhoras, gente amiga, cadê boi?
Quem souber o que acontece, diga logo, foi ou não foi.
Tá sumido, tá perdido, se ele some, não tem festa.
Não tem vida, nem passado, nem presente, não tem nada.
Boi é tudo, boi é força. Boi é gente, cadê o boi?
Boi é povo, povo é festa. Povo é tudo, cadê o boi?
 

Das ruas de nossas cidades sobe um clamor claro, crescente e impetuoso, por vezes até ameaçador. Este clamor provem de vozes de milhares de jovens, mas também de adultos e até de crianças. O que dizem está escrito em cartazes de todo tipo e cores, tamanhos e também com uma pitada de bom humor! Clama-se pelo direito de todos, igualmente, a uma vida digna. Não dá mais para se viver num país com tanta desigualdade. Clama-se por educação pública de qualidade em todos os níveis.

Como conviver, sem indignação, com as filas de mães diante das creches suplicando uma vaga para suas crianças durante o período de trabalho? Clamam por melhoria no sistema único de saúde – SUS – e por sua abrangência. Clamam por um sistema de mobilidade urbana mais democrático e de qualidade. Aliás, o grito pela revogação das tarifas foi o gatilho da explosão das manifestações de protesto que ocuparam as ruas e praças das cidades, onde, tomar um ônibus ou atravessar uma rua é operação de risco calculado.

A mobilização da juventude denuncia com veemência a corrupção, a impunidade, os privilégios, a falta de transparência na gestão pública, Apesar da cultura brasileira do futebol nem as copas escapam dos protestos contra o gigantismo e superfaturamento dos estádios exigidos pela FIFA. Daí cartazes tipo: “Queremos hospitais padrão FIFA”.

Por dever de consciência e de cidadania registre-se aqui o repúdio a qualquer tipo de violência inclusive a policial. Repudia-se igualmente a depredação e destruição de bens públicos e privados, por parte de certos grupos e indivíduos.

Há de se ler e compreender o recado vindo das manifestações no seu conjunto e o simbolismo da marcha sempre em direção às sedes dos poderes executivos e legislativos. Emblemático foi o cerco ao Congresso Nacional em Brasília.

Finalmente e felizmente alguns políticos até então acuados e atônitos mostraram a cara a começar pela Presidente da República Dilma Rousseff, com seu pronunciamento à Nação na sexta-feira (21.06.13), ao reconhecer a legitimidade democrática das manifestações, ouvindo e acolhendo as vozes das ruas que clamam por mudanças. A presidente comprometeu-se a encaminhar as reivindicações, inclusive a reforma política.

Esperamos que toda esta mobilização social encontre canais legítimos de organização política, do contrário corre-se o risco do imponderável e do imprevisível.

Boi é tudo, boi é força, boi é gente, cadê o boi?
Boi é povo, povo é festa. Povo é tudo, cadê o boi?”
 
Pe. José Arlindo de Nadai – Paróquia Divino Salvador
 

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