Alegria de ser Igreja

De sete a onze deste mês de janeiro aconteceu em Juazeiro do Norte, Ceará, na Diocese do Crato o 13º. Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base.

Este encontro teve como tema – Justiça e profecia a serviço da Vida – e como lema – Romeiros do Reino no campo e na cidade. Tema e lema que pelo seu simples enunciado apontam a justiça do Reino de Deus a ser concretizada na vida do povo através da luta e do compromisso evangélico dos discípulos de Jesus de Nazaré, que veio para que todos tenham vida plena em abundância.

Ao ler a carta final deste encontro, bem como a mensagem dos bispos participantes percebe-se, de imediato, a alegria de todos não só pelo encontro em si e momentos de festa que proporcionou, mas sobretudo pela graça de ser Igreja.

“Na circularidade do serviço, do canto, do testemunho reafirmamos o compromisso de ser CEBs: romeiros do Reino, profetas da justiça que lutam pela vida a serviço do bem-viver, sementes do Reino e da Justiça, comunidades profetas de esperança e da alegria do Evangelho”.

Participaram deste grande encontro eclesial 5046 representantes das Igrejas (Dioceses) do Brasil, e também da América Latina e Caribe, Europa, África e Ásia, entre os quais 72 bispos, 232 padres, 20 Evangélicos, outras religiões 35.

A Arquidiocese de Campinas participou com 31 representantes: 22 cristãos leigos e leigas, sendo um luterano, 4 padres, 2 diáconos, 1 religiosa e 2 seminaristas, que foram oficialmente enviados por D. Airton José dos Santos, em celebração na Catedral de Campinas no dia 8 de dezembro.

Na Arquidiocese de Campinas há cerca de 500 CEBs – Comunidades Eclesiais de Base.

As CEBs são o jeito antigo e novo da Igreja ser. Ou, o jeito normal de a Igreja ser. Jeito de o Povo de Deus responder hoje ao projeto de Jesus: ser comunidade a serviço da vida, nas palavras de abertura do bispo de Crato.

O Papa Francisco, em mensagem aos participantes deste encontro, reporta-se ao Documento de Aparecida (2007) que reconhece as CEBs como escolas de cristãos discípulos missionários, comprometidos com a fé, por vezes, até ao martírio… Instrumentos de aprofundamento da Palavra de Deus e do compromisso social em nome do Evangelho. As CEBs abrem caminhos para novos serviços e ministérios dos leigos(as) na Igreja.

São expressão visível e concreta da opção pelos pobres e simples, por isso sua base quase sempre são as periferias das cidades.

As CEBs têm como inspiração o testemunho dos Atos dos Apóstolos, onde se admira o retrato das comunidades da Igreja primitiva.

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações… Tudo entre eles era comum… Não havia entre eles necessitado algum (At 2,42.4.32)”

Eis aí o ideal evangélico, a utopia do Reino, que para nós hoje soa como ousadia.

A Arquidiocese de Campinas tem de longa data uma rica experiência das CEBs. No documento final da Revisão Ampla de nossa Igreja (1992) consta que elas “realizam com intensidade a prática do acolhimento, da partilha e da solidariedade. Elas têm despertado em seu meio uma grande riqueza de ministérios leigos, de dons, carismas, redescobrindo-se como Povo de Deus, profético, régio e sacerdotal, é uma Igreja onde a participação do povo se torna mais ativa e direta”.

Na sua experiência já amadurecida, as CEBs querem ser Igreja como o Concílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda ministerial a serviço do Reino de Deus. A formação do discípulo missionário começa dentro delas pela experiência de um encontro feliz e alegre com a pessoa de Jesus, sua vida e seu destino. Como Jesus convocou discípulos e discípulas para estarem com ele, do mesmo modo, ele convoca também hoje discípulos e discípulas para estarem com ele e dele aprenderem o amor ao Pai, a fidelidade ao Espírito e o compromisso para a transformação do mundo em mundo de irmãos e irmãs (Cfr 92, CNBB).

Cumprimentamos os representantes de nossa Igreja neste evento eclesial e agradecemos a sua disponibilidade e testemunho de vida.

Pe. José Arlindo de Nadai – Paróquia Divino Salvador